O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu o advogado José Rodrigo Sade para a vaga aberta no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Com a indicação, publicada nesta quinta-feira (22), no Diário Oficial da União, o TRE estará em breve com a composição completa para julgar as ações que podem levar à cassação do senador Sérgio Moro (União). O tribunal reservou as sessões dos dias 1º, 3 e 8 de abril para a votação.
Os processos chegaram a ser colocados na pauta, mas o julgamento foi adiado até que a vaga fosse preenchida. Sade ainda precisa ser empossado. A cerimônia está prevista para o dia 6 de março.
José Rodrigo Sade trabalhou como juiz substituto no TRE do Paraná nas eleições de 2022. Ele foi escolhido a partir de uma lista tríplice enviada a Lula pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Curiosamente, um dos clientes do advogado foi o deputado cassado e ex-chefe da Lava-Jato Deltan Dallagnol, desafeto de Lula. Apesar disso, não é visto como um apoiador da operação.
Futuro político de Moro
Com a posse de Sade, o TRE estará com o quórum completo para julgar as ações que vão definir o futuro político de Sergio Moro. As ações que pedem a cassação do ex-juiz são movidas pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), do presidente Lula. Se for condenado, Moro perde o mandato e pode ficar inelegível.
O Ministério Público Eleitoral (MPE) é a favor da cassação por abuso de poder econômico nas eleições de 2022. O órgão afirma que os gastos na pré-campanha excederam o limite razoável. Inicialmente, o ex-juiz pretendia sair candidato a presidente. Para o MP, os investimentos desequilibraram a disputa ao Senado, depois que Moro decidiu mudar a estratégia e concorrer a senador.
Em depoimento à Justiça Eleitoral, Moro negou que a pré-candidatura presidencial tenha impulsionado sua campanha ao Senado e que o movimento tenha sido premediato.
— Eu já era sobejamente conhecido no Paraná ou no Brasil inteiro sem uma pré-candidatura presidencial — afirmou na ocasião, referindo-se à Lava-Jato, que, em seus primeiros anos de existência, o colocou na condição de "herói" do combate à corrupção.
O senador também está na mira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao mandar investigar o ex-juiz, o ministro Luis Felipe Salomão, corregedor nacional do CNJ, começa a pavimentar o caminho para uma possível cassação do mandato, com base no mesmo precedente que deixou Deltan Dallagnol inelegível.
O Conselho Nacional de Justiça investiga se Sergio Moro usou a magistratura com fins político-partidários e se cometeu irregularidades na gestão das multas dos acordos de delação e leniência homologados na Lava-Jato.