O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (21), que a vacina contra a covid-19 que está sendo desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, "não será comprada" pelo governo federal. A declaração, feita em rede social, ocorre um dia após o Ministério da Saúde anunciar a intenção de adquirir 46 milhões de doses do imunizante.
"Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura chinesa", escreveu um usuário do Facebook, ao que o perfil do presidente respondeu: "NÃO SERÁ COMPRADA", em caixa alta.
Outra usuária disse para o presidente exonerar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, porque ele estaria sendo cabo eleitoral do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Bolsonaro então responde que "tudo será esclarecido hoje" e que "NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA".
Segundo o portal Poder 360, o presidente também enviou uma mensagem a ministros em que afirma:
"Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19".
Por volta das 10h, o presidente postou, em seu perfil no Facebook, uma mensagem sobre o que chamou de "a vacina chinesa de João Doria". No texto, Bolsonaro reafirma a decisão de não adquirir o imunizante da Sinovac.
"Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina", escreveu.
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Anúncio de Pazuello
Na terça-feira (20), o Ministério da Saúde assinou um protocolo de intenções para compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, a vacina chinesa contra a covid-19. O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com os 27 governadores.
Assim, somando as três vacinas que o governo federal pretende adquirir (AstraZeneca, Covax e Butantan-Sinovac), haveria 186 milhões de doses para vacinação da população ainda no primeiro semestre de 2021. Segundo Pazuello, as doses serão distribuídas a todo o Brasil por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
— Temos a expertise de todos os processos que envolvem esta logística, conquistada ao longo de 47 anos de PNI. As vacinas vão chegar aos brasileiros de todos os Estados. Nossa estratégia prioriza a transferência de tecnologia, o que nos permitirá produzir as vacinas no Brasil — garantiu.