Estava bom demais para ser verdade. Os brasileiros foram dormir empolgados com a notícia de que o Ministério da Saúde compraria 46 milhões de doses da CoronaVac, mas acordaram com a informação de que o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro Eduardo Pazuello e jogou gelo no otimismo da véspera.
Segundo o site Poder 360, Bolsonaro enviou mensagem aos ministros com um aviso curto e grosso: "Alerto que não compraremos vacina da China. Bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19".
Além disso, Bolsonaro respondeu a críticas de seguidores no Facebook e disse que a vacina chinesa "não será comprada":
O bilhete de Bolsonaro aos ministros explicita, além do ranço ideológico com a China, a preocupação em não dividir holofotes com o que é hoje seu principal adversário na disputa eleitoral de 2022.
A reunião da terça-feira (20) com os governadores passou a falsa sensação de maturidade política. A coluna mesmo se precipitou ao elogiar a capacidade de superação de vaidades em nome do interesse maior, a saúde dos brasileiros.
Assim como a vacina vinha sendo usada nas campanhas eleitorais, de forma demagógica por boa parte dos candidatos, certamente será tema em 2022. Mas a guerra de vaidades entre Bolsonaro e Doria não pode se sobrepor ao interesse nacional.
Se a vacina chinesa é a que está mais adiantada, seria criminoso o governo vetá-la só porque será produzida pelo Instituto Butantan, instituição de reconhecida credibilidade, cujo único "problema" é estar localizado em São Paulo, Estado governado por um adversário político.
A patacoada de Bolsonaro coloca em risco a permanência do ministro Pazuello, um militar que entrou como interino quando Nelson Teich pediu demissão e acabou efetivado.