Os candidatos que usam o horário eleitoral para prometer vacina gratuita contra a covid-19 terão de regravar as produções previstas para veicular nos próximos programas. O Ministério da Saúde colocou uma pá de cal nos discursos demagógicos ao anunciar, em reunião com governadores, na tarde desta terça-feira (20), um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac, a vacina chinesa que será produzida no Brasil pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
A compra será realizada depois que a vacina obtiver o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como tem de ser. Prometer vacina sem saber quando estará liberada nem quanto vai custar, como fazem alguns candidatos a prefeito Brasil afora, é vender ilusões para eleitores incautos.
Só prosperou porque o governo do presidente Jair Bolsonaro vinha mandando sinais trocados em relação à vacina, ora desdenhando dos chineses, ora tratando como se a imunização fosse menos importante do que a medicação (sem comprovação científica de eficácia) com o chamado kit covid.
Como 46 milhões de doses são insuficientes para atender todo o provável universo de brasileiros que desejam se vacinar, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, confirmou que com outras duas iniciativas será possível imunizar 186 milhões de pessoas no país. O governo brasileiro já tem acordo para comprar doses da vacina produzida pela farmacêutica britânica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford. O Brasil também aderiu da Covax Facility, plano internacional de produção de vacinas contra Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, as três iniciativas, somadas, garantem 186 milhões de doses.
O anúncio de Pazuello aos governadores ocorre um dia depois de Bolsonaro ter dito que a vacina não será obrigatória, numa espécie de contraponto ao governador de São Paulo, João Doria, provável rival na eleição de 2022. A gravidade da pandemia, com seus efeitos devastadores na economia, recomenda que se deixem de lado as vaidades e disputas políticas para focar no que interessa, a saúde dos brasileiros.
O compromisso de Pazuello não significa que a vacina estará universalizada nos primeiros meses de 2021, mesmo que a Anvisa conceda o registro até o final do ano, como é a expectativa, depois dos testes bem-sucedidos, até porque a capacidade de produção é limitada. Significa que, enfim, o Brasil tem uma política pública para a vacinação e que a ordem de prioridade na imunização será definida pelas autoridades sanitárias.
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