Pelo menos nove dos 17 deputados gaúchos que foram a favor do perdão da dívida tributária de igrejas e templos admitem que vão mudar o voto. O grupo afirma que votará pela manutenção do veto do presidente Jair Bolsonaro à proposta — portanto, proibindo o perdão.
Ao barrar o texto, o presidente afirmou que, se fosse parlamentar, votaria pela derrubada do veto: "Confesso, caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo", escreveu.
Três parlamentares gaúchos ainda estão avaliando o tema, e apenas a deputada Liziane Bayer (PSB) admite que não irá mudar seu voto, mantendo o perdão da dívida. Outros quatro políticos ainda não foram localizados pela reportagem de GZH (veja abaixo).
Entre os deputados que admitiram que vão mudar de posição estão Bibo Nunes e Sanderson, ambos do PSL. Os parlamentares votam com o Planalto, mas desta vez não vão atender ao pedido do presidente.
— Não posso ser a favor de algo que cometa crime de responsabilidade fiscal. O perdão da dívida por causa da pandemia sou a favor, mas não para sempre. Voto pela manutenção do veto — afirmou Bibo à reportagem.
Alguns deputados argumentam que, com a votação remota, ficou mais difícil ter acesso ao conteúdo das emendas e, neste caso específico, acabou "passando batido":
— O governo fez acordo, orientou e largou o jabuti no meio do texto e foi pescar. Eu sei que não justifica não termos lido, mas nunca tinha visto um jabuti tão bem colocado — afirmou um parlamentar, que não quis se identificar.
Já para o deputado Pedro Westphalen (PP), foi um erro coletivo:
— Felizmente foi vetado e vou votar para manter o veto. Foi um erro coletivo, um jabuti colocado e que teve orientação dos líderes do governo, do partido e da maioria para aprovar. Ninguém sabia da dimensão de R$ 1 bilhão (das dívidas), ainda mais em tempos de pandemia.
A expressão jabuti, utilizada pelos parlamentares, se refere a uma emenda que é incluída a um projeto sem ter relação alguma com o texto original. Neste caso, a emenda foi apresentada em uma proposta que tratava sobre pagamentos de precatórios.
Pastora da Igreja Internacional da Graça de Deus, a deputada Liziane Bayer não pretende mudar o voto e acredita que a proposta não é perdão de dívida:
— Na minha visão, não é perdão de dívida. A União não pode cobrar o que não lhe é devido, pela isenção.
Em julho, quando o projeto foi aprovado na Câmara, 12 deputados gaúchos foram contra o perdão e todos esses pretendem manter essa posição. À época, Heitor Schuch (PSB) e Carlos Gomes (Republicanos) não votaram. Agora, os parlamentares pretendem manter o veto presidencial.
No Senado, a aprovação foi por votação simbólica, portanto, sem voto nominal. Os senadores Lasier Martins (Podemos) e Paulo Paim (PT) devem votar contra o perdão dá dívida. Já Luís Carlos Heinze (PP) está analisando a questão, mas em princípio deve votar pela derrubada do veto presidencial:
— Eu fui muito demandado pelas igrejas. Eu estou analisando ainda as demandas que recebi, mas, em princípio, vou votar para derrubar o veto.
Veja como pretende votar a bancada gaúcha:
Manter o veto do presidente Bolsonaro, portanto, proibir o perdão da dívida:
- Afonso Hamm (PP)
- Afonso Motta (PDT)
- Alceu Moreira (MDB)
- Bibo Nunes (PSL)
- Bohn Gass (PT)
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Danrlei (PSD)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Heitor Schuch (PSB)
- Henrique Fontana (PT)
- Jerônimo Goergen (PP)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Marcel van Hattem (Novo)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Marcon (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Marlon Santos (PDT)
- Paulo Pimenta (PT)
- Pedro Westphalen (PP)
- Pompeo de Mattos (PDT)
- Sanderson (PSL)
- Santini (PTB)
- Senador Paulo Paim (PT)
- Senador Lasier Martins (Podemos)
Derrubar o veto do presidente Bolsonaro, portanto, perdoar a dívida das igrejas:
- Liziane Bayer (PSB)
- Luís Carlos Heinze (PP)
Ainda não decidiram:
- Giovani Cherini (PL) - Irá votar conforme partido orientar, o que ainda não está definido.
- Marcelo Brum (PSL) - Está analisando a questão.
- Maurício Dziedricki (PTB) - Afirmou que a bancada ainda não avaliou a posição a ser tomada em relação ao veto
Não foram encontrados pela reportagem:
- Giovani Feltes (MDB)
- Marcelo Moraes (PTB)
- Nereu Crispim (PSL)
- Osmar Terra (MDB)
Veja como votaram os deputados em julho, quando o perdão da dívida foi aprovado:
A favor:
- Afonso Hamm (PP)
- Alceu Moreira (MDB)
- Bibo Nunes (PSL)
- Giovani Cherini (PL)
- Giovani Feltes (MDB)
- Jerônimo Goergen (PP)
- Liziane Bayer (PSB)
- Lucas Redecker (PSDB)
- Marcelo Brum (PSL)
- Marcelo Moraes (PTB)
- Márcio Biolchi (MDB)
- Maurício Dziedricki (PTB)
- Nereu Crispim (PSL)
- Osmar Terra (MDB)
- Pedro Westphalen (PP)
- Sanderson (PSL)
- Santini (PTB)
Contra:
- Afonso Motta (PDT)
- Bohn Gass (PT)
- Daniel Trzeciak (PSDB)
- Danrlei (PSD)
- Fernanda Melchionna (PSOL)
- Henrique Fontana (PT)
- Maria do Rosário (PT)
- Marcel van Hattem (Novo)
- Marcon (PT)
- Marlon Santos (PDT)
- Paulo Pimenta (PT)
- Pompeo de Mattos (PDT)
Não votaram:
- Carlos Gomes (Republicanos)
- Heitor Schuch (PSB)