O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (7) que testou positivo para o coronavírus. O anúncio foi feito no começo da tarde pelo próprio governante. Desde o começo da pandemia, o político flertou com o vírus. Participou de aglomerações, nem sempre usou máscara, e desdenhou da doença que até esta terça já matou mais de 65 mil brasileiros (538 mil ao todo no mundo), chamando-a de "gripezinha".
Veja como foi a relação de Bolsonaro com a covid-19.
9 de março
O presidente afirmou que o coronavírus estava "superdimensionado". À época, a doença havia matado 4 mil pessoas ao redor do mundo.
— Os números estão demonstrando que o Brasil começou a arrumar sua economia. Obviamente os números de hoje (bolsas registravam queda em todo o mundo) têm a ver com os preços do petróleo basicamente, que despencou quase 30%, e na questão do coronavírus também, que no meu entender está sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus — disse.
12 de março
Após viagem oficial do presidente aos EUA, o chefe da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, testou positivo para o coronavírus. Bolsonaro passou a ser monitorado pela equipe médica da Presidência e fez exame para saber se estava ou não com a doença. No dia seguinte, anuncia que o primeiro exame deu negativo.
20 de março
O Brasil registrou a primeira morte por covid-19 em 17 de março. Três dias depois, o chefe do Executivo nacional voltou a minimizar a gravidade da doença e afirmou que "não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar".
— Depois da facada (na campanha de 2018), não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não. Se o médico ou o ministro me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presente — afirmou.
31 de março
Presidente reconhece tamanho da crise e pede união com Congresso, Judiciário, prefeitos, governadores e sociedade. Bolsonaro afirmou que "estamos diante do maior desafio da nossa geração". Contudo, seguiu criticando o distanciamento social.
— Minha preocupação sempre foi salvar vida, tanto as que perderemos para a pandemia quanto aquelas que serão atingidas pelo desemprego, violência e fome — declarou.
8 de abril
Bolsonaro voltou a criticar medidas de distanciamento social imposta por governadores, dizendo que "a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar". Já ao comentar sobre o fato de o cardiologista Roberto Kalil ter admitido ter tratado pacientes com cloroquina, o presidente também retomou discurso em defesa do medicamento.
— Decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas.
16 de abril
Após 34 dias de discórdias públicas, Luiz Henrique Mandetta é demitido do cargo de ministro da Saúde. Bolsonaro escolhe Nelson Teich para o posto.
19 de abril
Em cima da caçamba de uma caminhonete, diante do quartel-general do Exército em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro discursou para manifestantes que participavam de uma carreta em defesa do governo, contra o Congresso e a favor de uma intervenção militar no Brasil.
20 de abril
Questionado sobre as mortes do coronavírus no país, presidente respondeu que "não é coveiro". Também afirmou que escolas militares poderiam voltar a funcionar na próxima semana.
24 de abril
Em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, o presidente criticou o fechamento de escolas, as restrições no transporte público e o confinamento em massa por conta da pandemia. Afirmou que meios de comunicação estavam espalhando sensação de pavor ao anunciar número de vítimas da Itália — epicentro da pandemia na época. Evocou a volta à normalidade, defendeu o uso da cloroquina e que "algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada". Voltou a chamar a doença de "gripezinha".
— No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão — afirmou.
28 de abril
Brasil registra recorde de mortes em 24 horas, com 474 registros, ultrapassando a China em número de óbitos. Questionado sobre a marca, o presidente reagiu:
— E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.
15 de maio
Nelson Teich deixa o Ministério da Saúde menos de um mês após assumir o cargo. Eduardo Pazuello assume a pasta interinamente.
23 e 24 maio
Com o Brasil se aproximando da marca de mil mortes por dia devido à covid-19, o presidente provocou aglomeração de pessoas em duas situações no fim de semana. Em uma das paradas, foi comer um cachorro-quente na rua e logo foi cercado por um grupo de curiosos e apoiadores. No dia seguinte, participou de manifestação com apoiadores em frente ao Palácio do Planalto.
30 de maio
O presidente foi a uma lanchonete em Abadiânia (GO) a cerca de 120 quilômetros de Brasília (DF), para tomar café da manhã. A presença de Bolsonaro provoca aglomerações, apesar das recomendações de autoridades sanitárias para a necessidade do isolamento social como medida de contenção ao avanço do coronavírus. Presidente carregava consigo uma máscara, mas não a utilizou enquanto trocava apertos de mão.
6 de junho
O governo passou a adotar novo modelo de divulgação dos dados sobre o avanço da pandemia da covid-19 no país. Segundo Bolsonaro, o Ministério da Saúde "adequou a divulgação dos dados" e optou pela divulgação às 22h. Um dia antes, o presidente afirmou:
— Acabou matéria no Jornal Nacional.
11 de junho
Em live, Bolsonaro pede aos seguidores nas redes sociais que filmem o interior de hospitais públicos e de campanha para averiguar se os leitos de emergência estão livres ou ocupados.
— (Se) Tem hospital de campanha perto de você, hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente está fazendo isso e mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não. Se os gastos são compatíveis ou não. Isso nos ajuda — disse.
18 de junho
Durante transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente voltou a criticar medidas de distanciamento social no país. À época, o Brasil se aproximava da marca de 50 mil mortos devido à covid-19.
— O Brasil não aguenta mais o "fique em casa". A nossa querida OMS (Organização Mundial de Saúde) fica o tempo todo em um vaivém, está deixando muito a desejar. Primeiro diz que a máscara protege, depois diz que não protege. A questão da hidroxicloroquina, não vamos mais sugerir, orientar, fazer pesquisas, depois volta atrás. Fala tanto em foco em ciência, com todo o respeito, o que menos tem de ciência é a OMS — afirmou.
22 de junho
Presidente anuncia que o governo não suportará pagar mais duas parcelas do auxílio emergencial no valor de R$ 600. Bolsonaro avaliou as medidas de distanciamento social tomadas por Estados e municípios para conter a disseminação do coronavírus como "um exagero" e acredita que não vai ser fácil para a economia pegar no tranco, já que, embora o campo não tenha parado, as cidades e muitos Estados fecharam o comércio.
— Não podemos deixar que o efeito colateral do tratamento da pandemia seja mais danoso do que a própria pandemia. Vida e emprego, uma coisa está completamente atrelada à outra — disse Bolsonaro.
26 de junho
Presidente recorre da decisão judicial que o obriga a usar máscara como forma de prevenção contra o coronavírus, considerando-a "desnecessária" por sua utilização já ser obrigatória em Brasília. Na noite de segunda-feira (22), o juiz Renato Borelli determinou que Bolsonaro deveria obrigatoriamente usar máscara "em todos os locais públicos", sob pena de multa de R$ 2 mil.
27 de junho
Chefe do Executivo nacional viajou a Araguari, em Minas Gerais, e provoca aglomeração. Ao pousar na base da Polícia Rodoviária Federal, Bolsonaro tirou a máscara para cumprimentar de longe um grupo que o aguardava na rodovia. O presidente segurou o equipamento de segurança e chegou a passar a mão no rosto. Também ignorou as orientações de distanciamento social e andou em meio aos apoiadores, que seguravam bandeiras do Brasil e cantaram o hino nacional.
4 de julho
Presidente sobrevoa Santa Catarina após estragos causados pela passagem de um ciclone-bomba. Em Florianópolis, defendeu o uso da hidroxicloroquina como único tratamento possível no momento para o coronavírus. No evento, distribuiu apertos de mãos.
— Estamos tendo notícias de que, cada vez mais, não só no Brasil, mas no mundo, o tratamento precoce via hidroxicloroquina tem surtido efeito. Então nós apelamos para aqueles que ainda resistem, no tocante a esse protocolo, e que como é um protocolo é algo oficial, que realmente entendam que o único tratamento que temos no momento é a hidroxicloroquina, enquanto não chega a vacina — disse o presidente, segundo a publicação.
6 de julho
Bolsonaro afirma à CNN que apresentava sintomas de coronavírus. Ele afirmou estar com 38°C de febre e 96% de taxa de oxigenação no sangue, e contou que está tomando hidroxicloroquina.
— Eu vim do hospital, fiz uma chapa do pulmão, tá limpo o pulmão. Fui fazer exame do covid agora há pouco, mas está tudo bem — disse Bolsonaro, ao chegar ao Palácio da Alvorada.
7 de julho
Presidente anuncia que testou positivo para o coronavírus, mas reforça que está bem. Ao final da coletiva, retira a máscara para "vocês verem minha cara":
— Eu tô bem, tranquilo graças à Deus, tudo em paz. Obrigado a todos aqueles que oraram por mim, torceram por mim — disse.
15 de julho
Antes da cerimônia de retirada da Bandeira Nacional em Brasília, o presidente da República Jair Bolsonaro declarou, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, que fez um segundo exame para o coronavírus e que novamente deu positivo. Ele esteve de máscara durante a cerimônia.
22 de julho
Bolsonaro testa novamente positivo para a covid-19. O presidente realizou exame na terça-feira (21). Ele segue em isolamento.