O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, criticou as manifestações contrárias ao governo ocorridas no último domingo (31) e a associação do presidente Jair Bolsonaro a regimes nazistas e ditatoriais.
Em artigo publicado hoje no jornal O Estado de S. Paulo, Mourão chama os manifestantes de "baderneiros" e diz que é "desonesto" fazer qualquer tipo de relação do atual governo com o nazismo.
"É um abuso esquecer quem são eles, bem como apresentá-los como contraparte dos apoiadores do governo na tentativa de transformá-los em manifestantes legítimos. Baderneiros são caso de polícia, não de política", afirmou.
Segundo Mourão, também é um abuso chamar as manifestações de domingo de democráticas porque elas ferem pessoas e o patrimônio público e privado, todos protegidos pela democracia. "Imagens mostram o que delinquentes fizeram em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Registros da internet deixam claro quão umbilicalmente ligados estão ao extremismo internacional", declarou.
No texto, Mourão sugere que os manifestantes estejam sendo usados como massa de manobra e questiona quais seriam os objetivos daqueles que estariam por trás desses protestos.
"Aonde querem chegar? A incendiar as ruas do país, como em 2013? A ensanguentá-las, como aconteceu em outros países? Isso pode servir para muita coisa, jamais para para defender a democracia. E o país já aprendeu quanto custa esse erro", escreve o vice-presidente.
Nazismo e ditadura
O vice-presidente também disse que é "forçar demais a mão" tentar associar o governo Bolsonaro ao regime nazista da Alemanha.
"Tal tipo de associação, praticada até por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no exercício do cargo, além de irresponsável, é intelectualmente desonesta", declarou.
Na semana passada, o ministro do STF Celso de Mello, relator do inquérito que investiga suposta tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal, comparou o Brasil à Alemanha nazista e disse, em mensagem privada no WhatsApp, que bolsonaristas querem a ditadura.
"Não há legislação de exceção em vigor no país, nem política, econômica ou social, nenhuma. As Forças Armadas, por mais malabarismo retórico que se tente, estão desvinculadas da política partidária, cumprindo rigorosamente seu papel constitucional", afirmou Mourão.