À frente do Ministério da Educação (MEC) desde 8 de abril de 2019, e demitido do cargo nesta quinta-feira (18), o economista Abraham Weintraub coleciona momentos controversos e declarações polêmicas. As mais recentes são as falas na reunião ministerial de 22 de abril, que resultaram na inclusão de seu nome no inquérito das fake news.
Já durante a pandemia do coronavírus, o então ministro da Educação usou as redes sociais para levantar suspeitas sobre a China, que, segundo ele, poderia se beneficiar da crise gerada pela doença. Mesmo apagado, o post gerou um inquérito para investigar o ministro por suposto racismo.
Outra polêmica recente foi a nova interferência nas universidades federais. Por meio de uma medida provisória, o governo pretendia que o ministro escolhesse os reitores temporários das instituições em que os mandatos estão chegando ao fim durante a pandemia. Na sexta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro revogou o texto.
Relembre as principais polêmicas
14/6 — Encontro com manifestantes
Weintraub se reuniu com um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que furou o bloqueio na Esplanada dos Ministérios. No encontro, a maioria dos manifestantes não usava máscaras. O ministro aproveitou o momento para se defender de acusações contra ele.
— Não cometi uma única ação fora da lei até o momento. Se eu tivesse feito alguma coisa, um contrato errado, se eu tivesse qualquer coisa já teriam me pendurado de ponta-cabeça naquela árvore. Não falta mídia querendo me pegar, fora pessoas com muito poder em Brasília — disse.
Por não usar máscara, ele foi multado em R$ 2 mil.
10/6 — Escolha dos reitores
A Medida Provisória 979, publicada no Diário Oficial da União (DOU) na última quarta-feira (10), permitia que Weintraub escolhesse os reitores temporários para universidades e institutos federais durante a pandemia de coronavírus. O texto foi devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AL), sob alegação de inconstitucionalidade.
22/5 — "Vagabundos na cadeia"
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, que teve a gravação tornada pública por decisão do ministro Celso de Mello, Supremo Tribunal Federal (STF), Weintraub afirmou que, se dependesse dele, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando no STF.
No mesmo encontro, o ministro disse que odeia o termo "povos indígenas":
— Só tem um povo nesse Brasil, é o povo brasileiro.
Ele defendeu ainda "acabar com esse negócio de povos e privilégios". A fala foi divulgada um mês depois, no âmbito do inquérito que investiga se o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal.
4/4 — Chacota com a China
Pelo Twitter, Weintraub usou personagens da Turma da Mônica para alfinetar os chineses. Usando a capa de um gibi com enredo oriental, ele escreveu:
"Geopolíticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?".
A postagem foi apagada depois. Ainda assim, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello autorizou a abertura de inquérito para investigar o ministro sob suspeita de crime de racismo.
18/1 — Problemas no Enem
Ministro admitiu "inconsistências" no gabarito das provas do Exame de 2019. "Houve inconsistência no gabarito de algumas provas do Enem 2019 e, por isso, candidatos foram surpreendidos com os resultados de suas notas. O número é muito baixo. Até segunda-feira, dia 20, tudo será resolvido. Pedimos desculpas aos participantes do exame pelo transtorno", chegou a dizer. Conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) o erro foi provocado pela gráfica responsável pela impressão da prova.
Em 11 de fevereiro, o ministro foi ao Senado dar explicações sobre o erro, que afetou pelo menos 6 mil provas.
24/12 — Escolha de reitores
A medida provisória (MP) publicada no Diário Oficial da União (DOU), às vésperas do Natal, que mexia na autonomia das universidades para escolher seus reitores foi mal recebida pelas instituições. No texto, ficava determinado que passava a ser obrigatório uma consulta à comunidade acadêmica em que o peso de voto dos professores é de 70%. Os votos de servidores técnico-administrativos e de estudantes terão 15% de peso por categoria.
A partir do resultado, obtido por média ponderada, uma lista tríplice deve ser encaminhada ao presidente da República, que tem liberdade para nomear um dos três nomes. Apesar de a nomeação oficial caber ao presidente, os nomes são validados pelo ministério. A MP caducou no Congresso em 2020.
17/7 — Future-se
Weintraub anunciou o programa Future-se, com o objetivo de garantir recursos para as instituições a partir da venda de patrimônio público, parcerias privadas e remuneração dos docentes por desempenho. Durante a apresentação do projeto, que ocorreu em Brasília, houve um protesto do presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que criticava o corte nas universidades. O programa gerou descontentamento no meio universitário.
27/6 — Cocaína, Lula e Dilma
Sempre causando polêmica nas redes sociais, Weintraub se manifestou sobre a apreensão de cocaína com um militar da aeronáutica em Sevilha, na Espanha. Pelo Twitter, ele ironizou dizendo que "No passado o avião presidencial já transportou drogas em maior quantidade. Alguém sabe o peso do Lula ou da Dilma?".
14/5 — Polícia nos campi
Weintraub defendeu a presença da polícia nos campi de universidades públicas, afirmando que "autonomia universitária não pode ser confundida com soberania". A fala antecedeu manifestações que foram marcadas para todo o país por conta do bloqueio das verbas nas instituições.
9/5 — Educação e chocolate
— Esses três, três e meio chocolatinhos, a gente não está cortando. Deixa para comer depois de setembro. É só isso que a gente está pedindo — disse, na época, referindo-se a um bloqueio de 3,4% do orçamento total das universidades.
3/5 — Nota zero
Nesta data, o ministro publicou um vídeo nas redes sociais explicando os motivos para as notas zero no primeiro ano da faculdade, que cursou na Universidade de São Paulo (USP). Segundo Weintraub, na época, ele era muito jovem e passou por problemas familiares, o que teria dificultado seus estudos.
30/4 — Cortes nas universidades e institutos
Logo na largada de seu mandato, o anúncio de cortes de 30% no orçamento das universidades e institutos federais causou preocupação. A medida, inicialmente, afetaria apenas a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), como punição para o que Weintraub classificou como "balbúrdia". No entanto, a pasta voltou atrás e estabeleceu os cortes para todas as instituições.