Não foi um simples internauta quem postou a mensagem abaixo. A comparação de 37 pacotes de cocaína, que somavam 39 quilos — apreendidos pela polícia com um militar da Aeronáutica preso no aeroporto de Sevilha —, com o peso dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff foi feita por um ministro de Estado: o titular da Educação, Abraham Weintraub.
Não bastassem os índices pífios de aprendizado de nossas crianças, a falta de investimentos públicos no setor e o contingenciamento aplicado no orçamento das universidades brasileiras, Weintraub resolveu fazer gracinha — sem a mínima graça, sublinhe-se — em seu perfil nas redes sociais ao sugerir que os dois ex-presidentes da República são "drogas" mais pesadas do que os 39 quilos de cocaína apreendidos com o militar da Aeronáutica.
Goste-se ou não dos ex-presidentes petistas, este tipo de fala é desrespeitoso, lamentável e em nada contribui para a recuperação de um país que tenta retomar os trilhos da economia — degradada, sim, nos governos petistas. Atualmente, são 13 milhões de desempregados.
O ministro da Educação faria melhor se ficasse quieto nesse episódio. Aliás, faria um bem ao país se baixasse a cabeça e enfrentasse os problemas sérios que a educação brasileira demanda.
Se Lula e Dilma cometeram erros, que paguem por eles (Lula está preso após ter sido condenado pelo caso do triplex no Guarujá).
E mais: a prisão de um militar com 39 quilos de cocaína não é assunto para brincadeira. É sério, ministro. Muito sério.
Mourão
Acertou o vice-presidente, Hamilton Mourão, ao cobrar apuração séria e responsável sobre o episódio. Para além de chamar a atenção para o "flagelo das drogas" que se espalhou por uma série de setores da sociedade brasileira, Mourão alertou para um detalhe importantíssimo que precisa ser esclarecido a respeito militar da Aeronáutica preso no aeroporto de Sevilha. O homem, que não teve a identidade revelada, era tripulante do voo que transportava a equipe avançada do presidente Jair Bolsonaro para a cúpula do G20 no Japão.
Em conversa com a coluna transmitida durante o programa Timeline, nesta quarta-feira (26), Mourão cobrou sobre a necessidade de se apurar — e punir, claro — quem é a rede de tráfico que está por trás do transporte da droga e com a qual o militar estaria envolvido. Ele defendeu punição pesada para o brasileiro, mas também alertou para o fato de ele provavelmente não estar agindo de forma isolada ao carregar quantidade expressiva de cocaína.