No evento que marcou os 40 anos da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, recebeu o prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa. A premiação ocorreu nesta segunda-feira (11), durante o Digital Media Latam, da Associação Mundial de Jornais (Wan-Ifra), no Rio de Janeiro.
Mestre de cerimônia, a jornalista Míriam Leitão — premiada com a mesma honraria em 2017 — destacou os motivos que levaram à escolha do ministro:
— Um defensor intransigente da liberdade de imprensa, opinião e expressão. Isto está claro em todos seus votos quando é preciso lembrar ao país que este é um bem precioso em uma democracia.
Celso de Mello é autor da jurisprudência e redator da doutrina que protege a liberdade de imprensa no Brasil. Se destacou no último ano por se posicionar no STF contra tentativas de censura, como o caso em que o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, tentou proibir exposição e venda de livro com imagens que julgou "improprias".
O ministro não estava presente por motivos de saúde, mas recebeu o prêmio previamente em seu gabinete e enviou uma mensagem em vídeo:
— Recebo extremante honrado esta premiação. É uma distinção de grande importância pra mim, especialmente em um momento em que vozes autoritárias se insurgem no nosso país contra a liberdade de expressão. Temos de nos insurgir contra tentativas e ensaios autoritários que buscam suprimir essa liberdade.
Ao abrir o evento, o presidente da ANJ, Marcelo Rech, repudiou as tentativas de governos, à direita ou à esquerda, ao redor do mundo, de cercear e atacar o trabalho da mídia. Rech destacou o papel fundamental do Judiciário para manter a liberdade dos veículos de comunicação e o compromisso coletivo com a verdade e a pluralidade para construir uma nação.
— Nunca é demais lembrar um princípio basilar da liberdade de expressão. Ela não é apenas o direito de eu me expressar livremente. É, principalmente, o direito de quem eu discordo poder se expressar com ampla liberdade.
Chico Mesquita, vice-presidente ANJ, reforçou o papel do jornalismo na construção de uma república democrática.
— Isso só confirma que o bom jornalismo desagrada a quem está no poder porque busca revelar o que se pretende esconder.
Além do prêmio a Celso de Mello, a entidade homenageou os jornalistas Clovis Rossi e Ricardo Boechat, mortos em 2019. A premiação promovida pela ANJ ocorre anualmente e este ano marcou os 40 anos da associação.