Duas pessoas, entre elas o jornalista Ricardo Boechat, 66 anos, morreram após um helicóptero cair em trecho do Rodoanel que dá acesso à Rodovia Anhanguera, na zona oeste de São Paulo, por volta do meio-dia desta segunda-feira (11). Os corpos das vítimas foram carbonizados após a aeronave pegar fogo.
Conforme o apresentador José Luiz Datena, Boechat retornava a São Paulo após palestra em Campinas. Na manhã desta segunda, Boechat falou em seu programa matinal no rádio sobre a sucessão de tragédias no país, como Brumadinho, e no Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro.
O acidente aconteceu na altura do km 7 do Rodoanel, sentido Castelo Branco, próximo a uma praça de pedágio. Ao cair, a aeronave atingiu um caminhão com placas de Caxias do Sul, na Serra, ferindo o motorista João Tomanckeves, 52 anos.
O capitão Augusto Paiva, da Polícia Militar, disse que testemunhas relataram que o helicóptero tentou um pouso de emergência em uma alça de acesso do Rodoanel à Anhanguera. Ainda não se sabe qual foi o problema na aeronave.
A aeronave era um Bell Helicopter, fabricado em 1975, tinha capacidade para cinco pessoas, sendo um piloto e quatro passageiros.
Boechat era apresentador do Jornal da Band e da rádio BandNews FM e colunista da revista IstoÉ. Ele também trabalhou nos jornais O Globo, O Dia, O Estado de S.Paulo e Jornal do Brasil e foi comentarista no Bom Dia Brasil, da TV Globo. Ganhou três vezes o Prêmio Esso, um dos principais do jornalismo brasileiro.
"Hélice estava quase parando"
Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave caiu em cima de um caminhão que trafegava pela via, no sentido interior, próximo à praça do pedágio. O motorista do caminhão foi socorrido pela concessionária.
Os bombeiros informaram que 11 viaturas foram deslocadas para a região. Pessoas que estavam próximas ao local do acidente contam ter visto uma movimentação estranha do helicóptero antes da queda.
O operador de máquinas Marcio Manoel da Silva Santos, de 34 anos, testemunhou o acidente.
— Estava na rodovia na moto, com minha mulher na garupa. O helicóptero já estava voando baixo. Ela disse que ia cair, mas não acreditei — disse, complementando: — Mas depois, olhando pelo retrovisor da moto, vi quando caiu. Primeiro, o helicóptero bateu no caminhão. Depois, bateu no chão explodiu — afirmou.
Santos relatou que parou sua moto, deu a volta pela contramão e foi até o caminhão. Havia partes do avião na cabine da carreta e ele encontrou o motorista preso no cinto de segurança. Ele foi socorrido.
— Eu vi o helicóptero baixo, com a hélice quase parando, rodando de um jeito estranho. O helicóptero bateu no caminhão e depois explodiu — disse Orlando Vieira da Silva, de 30 anos, morador da comunidade Vila Sulinas, às margens da rodovia.
— O helicóptero deu pelo menos uma volta antes de cair. Foi muito estranho. Depois, ouvi o estrondo . Fez muita fumaça — disse o morador da comunidade Morro Doce, Anderson Donato, de 25 anos.
Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) disse que investigadores do 4º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), realizam nesta tarde a Ação Inicial da ocorrência, que é o começo do processo de investigação com a coleta de dados. Eles fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, reúnem documentos e ouvem relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos.
"A investigação realizada pelo CENIPA tem o objetivo de prevenir que novos acidentes com as mesmas características ocorram", diz a nota.
Às 15h40min uma das pistas foi liberada para o tráfego de veículos, um guincho já está no local para remover o caminhão. Foram feitas interdições parciais na pista do Rodoanel, sentido Perus, e na Anhanguera, sentido Jundiaí.
Repercussão
No twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) prestou solidariedade às famílias do jornalista e do piloto.
Bolsonaro também se pronunciou por nota:
"A Presidência da República expressa seu pesar e condolências em razão do falecimento do jornalista Ricardo Boechat, vitimado em um acidente aéreo, neste dia. O País perde um dos principais profissionais da imprensa brasileira. Sentiremos a falta de seu destacado trabalho na informação da população, tendo exercido sua atividade por mais de quatro décadas com dedicação e zelo."
Veja outras manifestações:
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan (PSDB), desejou força e paz aos familiares:
Davi Alcolumbre, presidente do Senado, manifestou "apoio fraterno aos parentes e amigos" de Boechat e dos demais ocupantes do helicóptero:
O humorista Fabio Porchat também lamentou o acidente:
Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, referiu-se a Boechat como jornalista "capaz de conquistar o respeito tanto dos que convergiam quanto dos que divergiam de suas ideias e opiniões":
O humorista Marcelo Adnet desejou "muita força e paz à família:
A deputada federal Maria do Rosário disse que a voz de Boechat "era uma das marcas da comunicação brasileira":