As buscas pelos restos mortais das vítimas do acidente aéreo na Avenida das Hortênsias, em Gramado, devem terminar na manhã desta segunda-feira (23). Um avião de pequeno porte caiu em uma loja de móveis e em uma pousada na manhã de domingo (22). Dez pessoas morreram.
Conforme o comandante do Corpo de Bombeiros na Serra, Maurício Ferro, as buscas seguiram na madrugada de segunda e uma grande parte da aeronave já foi retirada do local. Os trabalhos, agora, são para verificar se ainda há restos mortais na área.
— Ontem à noite nós utilizamos a aeronave, o drone, para verificar uma leitura termográfica e não havia mais pontos de focos de calor e incêndio. A partir daí as equipes desenvolveram o trabalho até para o volta de três, três e meia da manhã, revirando todo o material, toda a estrutura, a estrutura metálica que ficou presa a aeronave, conseguimos retirar também a parte final da aeronave para fora do cenário, onde foram encontrados alguns materiais ainda biológicos ali, que foram isolados, estão agora com a perícia para identificação — detalhou o comandante.
Já conforme o delegado Gustavo Barcellos, o trabalho por parte da Polícia Civil e do Instituto-Geral de Perícias (IGP) é para cruzar os restos mortais com o material genético separado por familiares das vítimas, em São Paulo. O delegado afirma que a lista das vítimas divulgada no domingo foi possível graças ao cruzamento de informações, como a relação de quem estava na aeronave e imagens.
Os restos mortais que ainda forem encontrados no local serão transferidos para Porto Alegre. Barcellos também relatou que no domingo, desde o momento que chegaram no local, restos mortais já foram vistos.
— As perícias pertinentes de engenharia já foram realizadas. Paralelamente a isso em São Paulo os familiares já estão coletando material para confrontação de DNA que vai ser a forma possível de se identificar os corpos e a polícia civil trabalha nessa identificação junto com a equipe da perícia, com apoio das demais forças de segurança e depois desenvolver um inquérito para que se apure todas, como eu disse, todas as circunstâncias, todas as nuances, todos os detalhes desse episódio para que ao final a gente possa estabelecer uma conclusão e estabelecer — explica o delegado.
Junto da investigação criminal, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também tem trabalhado para apurar as causas do acidente. Conforme Barcellos, os órgãos devem seguir compartilhando informações.
— Nós já estamos aqui em duas frentes, uma frente de engenharia que busca na realidade dentro do possível, dentro das limitações que não ultrapassem a nossa disposição de entender o que aconteceu no local e como aconteceu — descreveu o representante do IGP, Lucas Toniolo.
Ainda conforme os representantes das forças de segurança, a estrutura da pousada está bastante comprometida. O trabalho de interdição é realizado junto à Defesa Civil do município.
— A estrutura está bastante comprometida, né? Está isolado do local. Pode haver risco de desabamento. A porta do telhado foi atingida pelas chamas. A estrutura do telhado é de madeira, então há risco de desabamento — esclareceu o comandante dos bombeiros.
No início da manhã desta segunda-feira (23) continuam a retirada dos escombros na Avenida das Hortênsias. Trabalhadores podiam ser vistos no local, que era uma loja de móveis, retirando produtos.
Como o acidente aconteceu
Conforme a Infraero, a aeronave partiu de Canela às 9h15min e teria como destino Jundiaí (SP). No meio do percurso, no entanto, o avião teria batido contra a chaminé de um prédio, perto da Avenida das Hortênsias. Na sequência, a aeronave teria acertado o segundo andar de uma residência e, então, caiu sobre uma loja de móveis. Destroços ainda alcançaram uma pousada.
O que teria causado o acidente
Segundo relatos de moradores do entorno do acidente, a aeronave teria perdido o controle após acertar a chaminé, acarretando nas colisões envolvendo a casa, a loja de móveis e a pousada.
A condição meteorológica foi apontada por especialistas contatados pela Zero Hora como um dos elementos que podem ter sido determinantes para a ocorrência. Para o presidente do Aeroclube de Canela, Marcelo Sulzbach, a observação de imagens indica que pode ter ocorrido uma rápida piora na condição visual por conta de nevoeiro e nebulosidade.
A causa oficial, entretanto, será divulgada pelo Cenipa, responsável por investigar ocorrências aeronáuticas, após o término da apuração do fato.
Pela manhã, o Cenipa acionou investigadores do 5º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa V), de Canoas, para atender a ocorrência. A equipe realizou a chamada Ação Inicial, em que são utilizadas técnicas específicas para a coleta e confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação inicial de danos causados à aeronave (ou por ela) e levantamento de informações necessárias à investigação.
O Cenipa destacou, ainda, que vai se pronunciar sobre o resultado da investigação através do Relatório Final. O objetivo é que a conclusão tenha o menor prazo possível, mas depende da complexidade da ocorrência.
Quem são as vítimas
O empresário Luiz Cláudio Galeazzi, 61 anos, é uma das vítimas do acidente. Além dele, que estava pilotando o aeronave, nove familiares ocupavam o avião e morreram no acidente. As vítimas são a esposa de Galeazzi e três filhas do casal, a mãe da esposa, uma cunhada e o marido e seus dois filhos. Veja a lista:
- Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi - piloto
- Tatiana Natucci Niro - esposa de Galeazzi
- Maria Eduarda Niro Galeazzi - filha de Galeazzi e Tatiana
- Maria Elena Niro Galeazzi - filha de Galeazzi e Tatiana
- Maria Antonia Niro Galeazzi -filha de Galeazzi e Tatiana
- Lilian Natucci - sogra de Galeazzi
- Veridiana Natucci Niro - irmã da esposa de Galeazzi
- Bruno Cardoso Munhoz Guimaraes Araújo - marido de Veridiana
- Giulia - filha de Veridiana e Bruno
- Matteo - filho de Veridiana e Bruno