Ricardo Boechat continuará sendo respeitado, como sempre foi, embora os tempos não permitam convergência ou unanimidade, principalmente na política. A notícia de sua morte, após a queda de um helicóptero em São Paulo, deixou triste seu público, suas fontes e seus colegas da imprensa. Apresentadores não conseguiram conter as lágrimas ao informar ao Brasil a morte de um amigo ou, no mínimo, uma referência para o jornalismo.
Nesta tarde, a morte de Boechat provocou manifestações de condolências de políticos de todas as vertentes — conservadores e liberais, da direita e da esquerda. Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, se solidarizaram, assim como a deputada Maria do Rosário e a ex-deputada Manuela D'Ávila. Um rol extenso de pessoas ligadas ao poder também publicaram mensagens de carinho ao jornalista.
Embora tenha nascido na Argentina, Boechat foi e continuará sendo respeitado porque representava, de fato, o brasileiro. Em seus comentários na BandNews e na Istoé, se irritava com o desleixo do poder público com os pagadores de impostos, com os mais pobres, com quem não tem voz. Bradava contra a corrupção, contra a desumanidade e contra os agentes públicos dissimulados.
Mais do que comunicar, ensinava, fazia entretenimento a seus ouvintes e leitores. Seu último comentário, nesta segunda-feira (11) foi sobre as sucessivas tragédias que mataram centenas de pessoas no Brasil no começo deste ano — a última envolveu a morte de adolescentes jogadores da base do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Criticado por Boechat à época do impeachment de Dilma Rousseff, por exaltar em plenário o torturador Brilhante Ustra, o agora presidente Jair Bolsonaro (PSL) se solidarizou com sua morte:
"Minha solidariedade à família do profissional e colega que sempre tive muito respeito".
Seus comentários também condenavam a corrupção na Petrobras, liderada por partidos como o PT, PP e MDB, desmembrada pela operação Lava-Jato. Sua marca era o equilíbrio, o bom senso. Ao contrário do PT, dizia que havia provas para condenar o ex-presidente Lula e defendia a operação.
Será difícil encontrar outro jornalista como Ricardo Boechat, uma referência e inspiração para seus colegas da imprensa, uma unanimidade entre os comunicadores.