Governistas no Senado articulam a indicação de um dos mais fiéis aliados do presidente Jair Bolsonaro na Casa para ser o relator da designação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos (EUA). Segundo parlamentares que acompanham o tema, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) é o favorito para a função.
O nome de Rodrigues já foi discutido no círculo mais próximo de Eduardo e com o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), responsável por formalizar a escolha do relator. Trad afirma que ainda não selecionou o relator e que ele só será anunciado após a oficialização da indicação de Eduardo pelo presidente da República. A expectativa é que isso ocorra na próxima semana.
Vice-líder do governo, Chico Rodrigues é um dos parlamentares mais alinhados a Bolsonaro no Senado. Ele integrou a comitiva presidencial na visita a Israel e emprega em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, primo dos filhos do mandatário, com salário de R$ 22,9 mil.
O senador do DEM defende abertamente a nomeação de Eduardo para a embaixada em Washington e diz que ele tem as credenciais para o posto. Chico Rodrigues e Nelsinho Trad tiveram uma rápida reunião no início da tarde desta quinta-feira (8), após o término da sessão da Comissão de Relações Exteriores. Na quarta-feira (7), Trad conversou a portas fechadas com o próprio Eduardo Bolsonaro.
Os articuladores da indicação do filho do presidente consideram que a tramitação no Senado não será fácil — tradicionalmente os senadores não criam obstáculos em votações dos chefes de missão diplomática, mas isso não deve se repetir no caso de Eduardo. Vários integrantes da comissão já se declararam contrários à nomeação do deputado e até mesmo governistas consideram que, no colegiado, o placar hoje está apertado.
Para tentar reduzir a resistência na comissão, governistas também patrocinaram nesta semana a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para uma vaga do colegiado que estava em aberto. A expectativa do Planalto é que Nogueira seja favorável à indicação de Eduardo.
Há uma última vaga em aberto, que ainda não foi ocupada porque havia uma indefinição sobre a qual bloco partidário ela pertence. No entanto, a Secretaria-Geral da Mesa informou que, de acordo com as regras de proporcionalidade da Casa, o assento pertence ao bloco do PT e do PROS, contrários à indicação.
Mesmo que Eduardo seja derrotado na comissão, a votação final ocorrerá no plenário do Senado, o que aumenta a influência do presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), no desfecho do processo.
O caminho até a embaixada
Entre os requisitos para ocupar a vaga, o indicado à embaixada do Brasil nos EUA precisa ter 35 anos completos — idade que Eduardo atingiu um dia antes de Jair Bolsonaro anunciar que cogita o nome de seu filho para o cargo.
Depois, a indicação precisa ser publicada no Diário Oficial da União. Então, o Senado envia o nome para a Comissão de Relações Exteriores — Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele passará por sabatina e, depois, a votação é secreta.
Como a tramitação na comissão não tem caráter definitivo, mesmo que o nome não seja aprovado, a indicação será analisada pelo plenário do Senado, onde, em votação também secreta, o nome precisa conquistar maioria simples de votos.
Não é obrigatório que o nome indicado seja de carreira diplomática — ou seja, não é necessário realizar o concurso para a vaga nem ter formação e aperfeiçoamento por meio do Instituto Rio Branco. O cargo é considerado de natureza política e, pela legislação, o presidente tem liberdade para escolher seus embaixadores.
A vaga de embaixador está aberta desde abril. O último nome a ocupar a cadeira foi Sergio Amaral, indicado por Michel Temer e depois destituído do posto.