O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (31) que formalizará a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), seu filho, como embaixador em Washington assim que o Senado retomar seus trabalhos, o que acontece na semana que vem.
— Tão logo recomecem as atividades, a gente formaliza (a indicação do nome ao Senado) — disse Bolsonaro, afirmando que "talvez" isso se dê na semana que vem. — Conversei com (o presidente do Senado) Davi Alcolumbre (DEM-AP), conversei com os senadores. Está tudo acertado. Não posso colocar um filho meu numa vitrine dessas se não tivesse competência — afirmou o presidente.
Ao responder a um jornalista, Bolsonaro relativizou a necessidade de se aguardar uma resposta do governo dos Estados Unidos ao "agrément", consulta formal para os americanos sobre a nomeação, depois dos elogios feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Eduardo.
Na terça-feira (30), Trump disse estar "muito feliz" com a indicação e disse não considerar haver nepotismo.
— Eu acho o filho dele excelente. Ele é um jovem brilhante, maravilhoso. Estou muito feliz com a indicação, acho que é uma ótima indicação — disse o chefe do governo norte-americano.
Indagado sobre esperar uma resposta formal dos EUA para fazer a indicação, Bolsonaro respondeu em tom de piada.
— Precisa (da resposta do pedido de agrément)? Se eu falo "eu te amo" aqui, agora, tu responde "quero casar agora contigo", precisa de papel? Vamos para a lua de mel, pô. Você é preconceituoso? — indagou o presidente brasileiro.
A consulta formal foi enviada ao governo dos Estados Unidos na semana passada. Segundo diplomatas ouvidos pela reportagem, o governo americano deve demorar de quatro a seis semanas para responder a um pedido dessa natureza.
Alguns líderes partidários do Senado disseram que preservarão a pauta prioritária do governo por ser de interesse nacional — as reformas da Previdência e tributária —, mas que é possível usar a indicação de Eduardo para dar uma resposta às últimas declarações de Bolsonaro, como as proferidas sobre Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Fernando Augusto desapareceu em fevereiro de 1974, após ter sido preso pela ditadura militar.