Preso pela Polícia Federal (PF), Walter Delgatti Neto, 30 anos, apelidado de Vermelho, afirmou em depoimento ser o hacker responsável pelo acesso aos celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, do coordenador da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, e de centenas de outras autoridades.
Investigadores acreditam que o número de autoridades atacadas pode chegar a mil. Entre elas, estão o presidente Jair Bolsonaro, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, além de procuradores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Porém, antes mesmo da Operação Spoofing, autoridades já haviam anunciado terem sido vítimas de hackers. A primeira foi o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, seguida do próprio Moro. Desde que o site The Intercept Brasil deu início à divulgação de diálogos da Lava-Jato, Dallagnol também disse que foi alvo.
Apesar da ação da PF, ainda não está claro quem foi, de fato, hackeado pelos suspeitos presos, nem se a sua ação está relacionada às conversas vazadas para o Intercept. Em depoimento na noite passada, Delgatti diz que foi a fonte do material recebido pelo site, de forma voluntária e anônima. Mas o fundador do Intercept, Glenn Greenwald, reiterou que "não comenta sobre a sua fonte".
Nesta linha do tempo, confira quais autoridades tiveram o celular invadido.
24 de abril
Rodrigo Janot
Janot disse, em seu Twitter, que teve o seu celular hackeado. Segundo ele, o hacker tentou acessar as suas contas Apple, Telegram e bancária, entre outros. "Tem muito interesse em meus bancos de informação. Vamos enfrentar! Tenho algumas desconfianças", escreveu Janot.
4 de junho
Sergio Moro
Um hacker invadiu o celular de Sergio Moro por meio de uma ligação recebida pelo ex-juiz de seu próprio número. Ele atendeu, mas ninguém respondeu do outro lado da linha. O hacker teria usado aplicativos de mensagens de Moro por cerca de seis horas, inclusive o Telegram.
9 de junho
Deltan Dallagnol
O procurador Deltan Dallagnol tem dito que foi alvo de hackers desde que o Intercept deu início à série de reportagens com conversas vazadas da operação. "A força-tarefa da Lava-Jato vem a público informar que seus membros foram vítimas de ação criminosa de um hacker que praticou os mais graves ataques à atividade do Ministério Público, à vida privada e à segurança de seus integrantes", declarou, em nota, o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná.
11 de junho
Marcelo Weitzel Rabello de Souza
Conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Marcelo Weitzel Rabello de Souza teve o celular invadido. Mensagens foram enviados do seu celular para um grupo de integrantes do CNMP no Telegram. Inicialmente, os colegas estranharam o tom das mensagens que estavam sendo mandadas por Weitzel. Depois, receberam uma mensagem dizendo: "Hacker aqui". Ele negou que se tratasse de uma brincadeira.
21 de julho
Joice Hasselmann
Líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann afirmou, em vídeo publicado em suas redes sociais, que teve o celular invadido. "Assim como aconteceu com o celular do nosso ministro Sergio Moro, o meu telefone foi clonado, foi invadido, foi clonado e há bandidos, farsantes encaminhando mensagens em meu nome, através do Telegram", disse a deputada do PSL.
22 de julho
Paulo Guedes
Ministro da Economia, Paulo Guedes também foi hackeado, segundo a sua assessoria de imprensa. Jornalistas chegaram a receber mensagens e ligações em nome do ministro pelo Telegram. "O Ministério da Economia ressalta que o ministro nunca teve conta nesse serviço e pede para que desconsiderem qualquer mensagem recebida do número antigo do ministro, que já será desativado", informou a assessoria.
25 de julho
Jair Bolsonaro
O Ministério da Justiça divulgou, em nota, que celulares usados por Bolsonaro foram alvo de ataques dos presos na operação Spoofing. "O Ministério da Justiça e Segurança Pública foi, por questão de segurança nacional, informado pela Polícia Federal de que aparelhos celulares utilizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de hackers preso", disse o comunicado.
Rodrigo Maia
Maia estaria entre os alvos dos hackers presos pela PF. Os criminosos teriam tentado acessar o celular do deputado para entrar no seu Telegram. Porém, não teriam conseguido porque ele havia apagado o aplicativo.
Davi Alcolumbre
O telefone celular de Alcolumbre também foi atacado por hackers. O senador divulgou uma nota manifestando "indignação" com a invasão. Alcolumbre disse estar "tranquilo" porque não tem "nada a esconder".
Raquel Dodge
Segundo a PF, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, está entre as autoridades que tiveram o celular hackeado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que, além de Raquel, outros 24 integrantes do MPF também foram invadidos, por meio do Telegram.
José Otávio de Noronha
Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Otávio de Noronha confirmou que recebeu uma ligação de Moro informando que o seu nome estava entre as autoridades hackeadas pelo suspeitos presos na operação Spoofing. "O ministro disse que está tranquilo porque não tem nada a esconder e pouco utilizava o Telegram", informou, em nota, o STJ.
Ministros do Supremo
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli foi informado por Moro de que ministros do STF foram alvo dos hackers presos pela Polícia Federal. Houve acesso a dados de SMS e do Telegram desses ministros. Porém, o nome dos magistrados que supostamente foram atacados não foi informado.