A investigação preliminar da Polícia Federal (PF) sobre a invasão de celulares de procuradores da República afirma que foi por meio do smartphone de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, que um hacker conseguiu acessar os grupos de conversa da força-tarefa da Lava-Jato no Telegram. As informações foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo, nesta quinta-feira (13). Rodrigo Janot comandou o MPF por dois mandatos, entre 2013 e 2017, e foi procurador-geral no início da operação Lava-Jato.
Os policiais afirmaram à reportagem que, ao acessar os grupos, o hacker teria conseguido os números dos celulares dos integrantes do MPF — entre eles, Deltan Dallagnol, que trocou mensagens com o ministro e ex-juiz Sergio Moro durante a operação, como divulgado pelo site The Intercept Brasil no domingo (9).
Os agentes observaram que não havia verificação em duas etapas em vários desses aparelhos. A verificação em duas etapas é um sistema que obriga usuários a confirmar o seu login em um aplicativo, usando não apenas a senha, mas também uma notificação no celular, um código SMS ou uma outra chave de criptografia. Mais cedo, o Telegram desafiou hackers a quebrar esse sistema de segurança.
Ainda de acordo com a PF, procuradores da Lava-Jato no Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro foram hackeados. Todos os telefones de procuradores do Paraná tiveram o aplicativo invadido, mas ainda não se sabe se todos tiveram conversas copiadas.
Na noite de domingo (9), o site The Intercept Brasil divulgou trechos da troca de mensagens entre o então juiz e o procurador no aplicativo Telegram. A força-tarefa da Lava-Jato do MPF disse, na segunda-feira (10), que procuradores estão sendo alvos de ataques de hackers pelo menos desde abril.