A área militar é alvo de parte das negociações entre Brasil e Estados Unidos. Apesar de ainda não haver confirmação de que os assuntos abordados terão efeitos práticos no futuro, as sinalizações ganham repercussão dentro do setor.
Um dos principais pontos que estiveram em tratativa foi o uso da base militar de Alcântara, no Maranhão. Durante a visita aos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro aceitou liberar o uso comercial do complexo para o lançamento de satélites e foguetes americanos. A medida ainda precisa ser aprovada pelo Congresso.
— A negociação sobre o uso da base de Alcântara já se estendia por um bom tempo. Há interesse estratégico dos Estados Unidos no uso do local e do Brasil na eventual troca de tecnologias. Isso atende à premissa da política externa do governo Bolsonaro – comenta o professor Creomar de Souza, do núcleo de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília (UCB).
Alcântara é considerada uma das bases mais privilegiadas do mundo sob ponto de vista estratégico. Sua localização pode garantir economia para lançamento de satélites e foguetes. Para o analista militar Nelson Düring, editor do site DefesaNet.com, o eventual desembarque dos americanos no Maranhão poderá destravar investimentos necessários para as operações.
— Com o surgimento de tecnologias disruptivas, Alcântara está perdendo seu atrativo de localização. Para lançamentos de grande porte, precisará de investimentos fortes – destaca Düring.
Na esfera militar, outra questão que chamou atenção foi a declaração do presidente Donald Trump de o Brasil é o principal aliado dos Estados Unidos fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A entidade representa aliança militar de defesa mútua entre membros em caso de ataques por outros países. Criada em 1949, abriga nações da Europa e da América do Norte.
— A aproximação como aliado extra-Otan parece ser muito mais um interesse americano do que da área de defesa no Brasil. O que significa é a possibilidade de acesso brasileiro a alguns benefícios do ponto de vista geoestratégico e militar. Mas é importante ponderar, até para não cair em histeria, que a declaração do presidente Trump ainda não é uma política pública de fato. Há uma série de trâmites e caminhos até isso se consolidar — frisa Souza.
De um lado, analistas observam benefícios. de outro, preocupações com o que foi cedido de antemão.
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