A viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos escancarou o desejo do presidente de alavancar as relações diplomáticas com o governo norte-americano. De um lado, analistas observam que virar aliado mais próximo do país dono da maior economia do mundo poderá gerar benefícios no futuro. De outro, há quem critique o fato de a comitiva brasileira conceder de antemão garantias aos americanos, sem a salvaguarda de que receberá contrapartidas efetivas.
— Foi um dos maiores desastres da política externa do país. Vimos na viagem uma diplomacia de concessão, um neoentreguismo brasileiro. Entregamos, mas não recebemos nenhum tipo de vantagem concreta. O presidente Bolsonaro precisava ter ido até os Estados Unidos para negociar, por exemplo, a isenção do visto de americanos? Não faz sentido nenhum — critica o professor Thiago Gehre Galvão, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB).
Para o diplomata José Alfredo Graça Lima, coordenador do Núcleo de Comércio Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), a visita aos Estados Unidos foi “extremamente bem-sucedida”, ao provocar “novas propostas”, embora esteja sujeita a críticas pontuais.
— Não vejo nada de errado em estreitar relações com os americanos. O que incita a discussão é a forma como foi feita a negociação. As críticas podem ser feitas ao fato de o filho do presidente (Eduardo Bolsonaro) ter acompanhado Bolsonaro no encontro com Donald Trump, e não o chanceler Ernesto Araújo, e a algumas manifestações exageradas de admiração que remetem a um passado longínquo. Mas é preciso separar a retórica dos resultados — defende Graça Lima.
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