Em seu último discurso como senador no Congresso Nacional, Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a atacar o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, em razão das denúncias de que teria recebido R$ 109,3 milhões para a compra de apoio político em sua campanha presidencial nas eleições de 2014, quando saiu derrotado.
Durante aproximadamente 20 minutos, o mineiro falou aos colegas, fez uma retrospectiva da sua passagem pela Casa e, principalmente, rebateu as acusações que terá de responder. Ao final, o tucano optou por dar um alerta para os "companheiros" de Senado: pediu que os parlamentares fiquem "atentos" porque "o caminho" indica que vão "absolver o culpado e condenar o inocente".
— Eu quero deixar registrado de forma absolutamente clara àqueles que nos assistem e aos meus pares nesta Casa, com os quais espero ter ainda um longo convívio, que farei a minha defesa veemente de todas essas acusações infames que me chegam. Sei da responsabilidade que tenho. Sofro ainda hoje as marcas do pós-eleição — disse.
— Quero, portanto, reiterar a cada companheiro que aqui está que fiquem atentos porque o que se busca, na verdade, dando voz e credibilidade ao que diz o senhor Joesley, repito, cuja delação foi questionada pela PGR pelas suas mentiras e pelas suas omissões, nós estamos seguindo um caminho para absolver o culpado e condenar o inocente. E sei que este não é o papel da Justiça brasileira.
Eleito deputado por Minas Gerais nas eleições de 2018, Aécio disse que voltará à Câmara dos Deputados a partir de 2019 com sentimento de "indignação" e contou que vive dias "extremamente difíceis". Em seguida, voltou a se "penitenciar" por ter aceitado conversar com Joesley Batista, quando foi gravado acertando um pagamento de R$ 2 milhões.
— Eu tenho vivido dias extremamente difíceis, vocês podem imaginar, mas eu não perco a minha fé, Presidente. Eu conheço a minha história, eu cheguei nesta Casa há 32 anos, passei pelos desafios maiores. Cometi um erro na minha vida pelo qual, repito mais uma vez, me penitencio todos os dias de ter, já numa história armada por esse cidadão para se ver livre dos inúmeros crimes que havia cometido, aceitei por sugestão dele participar de uma conversa em contrapartida a oferta de um apartamento da minha família que havia sido feita e, ele reconhece isso em seus depoimentos, ele se oferece para me ajudar a pagar os meus advogados da forma que ele achou mais adequado — disse.
Com voz embargada ao citar os familiares, o senador fez uma defesa direta de Andrea Neves, sua irmã, que também é alvo da mesma investigação.
— Faço isso em homenagem a esses milhões de mineiros e, por que não, de brasileiros que confiaram, nas ultimas eleições, no meu trabalho. Faço isso em nome da minha família, da minha esposa, dos meus filhos, da minha mãe, das minhas irmãs. Uma delas, Andrea, foi atacada e vilipendiada covardemente nesses atos. Quero aqui, desta tribuna, falar do orgulho que tenho da sua correção, Andrea, da sua honradez, da sua dignidade, da sua solidariedade. Aqueles que a conhecem de perto - como o Senador Anastasia (PSDB-MG), que com ela conviveu, sabem muito bem do que estou falando — acrescentou.
Aécio também se dirigiu ao "oportunismo midiático" por estar sendo julgado antes dos fatos serem esclarecidos.
— (Quero) Dizer que repilo, que repilo da forma mais veemente possível os prejulgamentos que vêm sendo feitos. Repilo as acusações infames de que tenho sido vítima e repilo de forma ainda mais veemente o oportunismo midiático de alguns que se arvoram em juízes que, sem conhecer os autos, sem compreender os fatos, julgam e já condenam, inclusive alguns colegas nossos.