Em 2016, no processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), diversos nomes tiveram destaque. Alguns ao propor a ação, outros na mobilização popular ou, ainda, na atuação no Congresso. Nesta eleição, as urnas trouxeram muitas dessas pessoas. O resultado foi favorável a quem trabalhou pela saída da petista do Palácio do Planalto.
Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment, foi a mais votada da história para a Assembleia Legislativa de São Paulo. Um dos principais rostos nas manifestações à frente do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri chegará à Câmara impulsionado pela quarta maior votação em São Paulo para o cargo.
Também houve quem não se deu tão bem – ou perdeu espaço. Dilma concorreu como favorita ao Senado em Minas Gerais e ficou de fora. Aécio Neves preferiu disputar a Câmara do que arriscar a reeleição como senador. Filha de Eduardo Cunha, o articulador do impeachment, Danielle fez votação pífia, apesar da campanha repleta de recursos financeiros.
Em Pernambuco, dois não eleitos
Responsável pelo último voto que sacramentou o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) na votação da Câmara, Bruno Araújo (PSDB), deputado federal e ex-ministro das Cidades de Temer, tentou a vaga para o Senado em Pernambuco.
Em campanha no Estado onde o PT tem alta popularidade – Fernando Haddad fez 48,6% dos votos –, evitou falar mal de Lula. Ficou em quarto lugar, com cerca de 14% dos votos.
No mesmo Estado, outro nome que ficou conhecido no impeachment acabou de fora ao tentar o Senado. Mendonça Filho (DEM) chegou a quase 20% dos votos. Humberto Costa (PT) e Jarbas Vasconcelos (MDB) conseguiram as duas vagas.
Filha de Cunha fica de fora
Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, foi o principal articulador do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Desde 2016, está preso em Curitiba, mas segue influenciando na política. Lançou sua filha Danielle Cunha para deputada federal no Rio de Janeiro pelo MDB – o número de candidatura foi herdado, inclusive. Em campanha, ela chegou a dizer que, não fosse pelo seu pai, o eleitor "ainda seria governado pelo PT".
No fim da semana passada, declarou apoio a Jair Bolsonaro (PSL), em um último esforço de conquistar votos. Não deu certo. A jovem flagrada pela Polícia Federal pedindo, em áudios, artigos de luxo para o pai ficará longe da Câmara: fez 13 mil votos.
Em Minas, Aécio entra; Dilma, não
Após obter 51 milhões de votos e perder a Presidência em segundo turno por pouco para Dilma Rousseff (PT) em 2014, a carreira política de Aécio transformou-se em uma montanha-russa. De início, foi um dos principais articuladores do impeachment da adversária, mas depois se viu afundando na Lava-Jato: tornou-se réu por corrupção e obstrução de Justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda é alvo de mais cinco inquéritos na Corte. Para piorar, foi flagrado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, da JBS - à época, o tucano afirmou que precisava de um empréstimo para pagar advogados.
Com risco de não voltar ao Senado, fez campanha discreta para ir à Câmara, sem divulgar agenda para imprensa ou realizar grandes eventos públicos. Do jeito mineiro, teve sucesso: foi eleito deputado federal em Minas Gerais com 106 mil votos, o segundo mais votado do PSDB no Estado, e manterá o foro privilegiado.
Já a vencedora em 2014, Dilma, não voltará a Brasília. Candidata ao Senado – e primeira colocada nas pesquisas durante toda a campanha –, ficou com 2,6 milhões de votos, 15% do total. Esse resultado a deixou na quarta colocação. Mesmo com sua carreira política toda no Rio Grande do Sul, a petista preferiu concorrer por seu Estado natal – uma das razões era não disputar votos com o companheiro de partido Paulo Paim, reeleito ontem pelos gaúchos. Quem conseguiu as vagas mineiras foram Rodrigo Pacheco (DEM), com 20,5% dos votos, e Jornalista Carlos Viana (PHS), com 20,3%.
Janaína Paschoal e o recorde em São Paulo
Autora do pedido de impeachment da então presidente da República Dilma Rousseff (PT), a advogada Janaína Paschoal flertou com Jair Bolsonaro (PSL) para se tornar candidata a vice-presidente, mas recusou o convite para tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo pela mesma sigla. Foi eleita a deputada estadual mais votada, com quase 2,1 milhões de votos.
Pelo Twitter, rede social na qual tem participação ativa, a professora de Direito Penal na Universidade de São Paulo (USP) e nova deputada agradeceu pelos votos e pediu a Deus "serenidade, lucidez e saúde" para poder trabalhar pelo Estado e pelo Brasil.
Com a votação expressiva de Janaína e de Gil Diniz (fez 213 mil votos), técnicos da Assembleia paulista calculavam que o PSL, partido de Jair Bolsonaro, teria 25% das cadeiras do parlamento. Até agora, o deputado estadual mais votado da história da Assembleia tinha sido Fernando Capez (PSDB), que fez 306,2 mil votos em 2014.
Nomes do MBL chegam a Câmara e Assembleia
O Movimento Brasil Livre (MBL) foi um dos principais grupos que lideraram os protestos pedindo o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em 2016, entrou na política partidária e elegeu um prefeito e sete vereadores. Agora, o MBL lançou 16 nomes, ao mesmo tempo em que viu o Facebook derrubar sua página por compartilhar fake news.
Dois nomes mais proeminentes se elegeram: Kim Kataguiri foi o quarto deputado federal mais votado em São Paulo pelo DEM, com 463 mil votos. Pelo Twitter, agradeceu aos eleitores: "Agora, é entrar com o pé na porta e acabar com o totalitarismo petista", escreveu, ainda alfinetando Jean Wyllys (PSOL-RJ), que quase não se reelegeu.
Arthur Mamãe Falei, também do DEM, que tem um canal no YouTube, foi o segundo candidato mais votado para deputado estadual em São Paulo, com 475 mil votos. Homero Marchese (Pros) foi eleito deputado estadual no Paraná.