O juiz Sergio Moro aceitou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) e mandou prender preventivamente, nesta quarta-feira, o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no âmbito da Operação Lava-Jato. A casa do ex-parlamentar, no Rio de Janeiro, foi alvo de operação de busca e apreensão.
O ex-parlamentar foi preso por volta das 13h30min na garagem do edifício localizado na 316 Sul, Bloco B, em Brasília, e chegou em Curitiba por volta das 17h05min. A prisão se dá por tempo indeterminado.
Esta será a primeira noite de Eduardo Cunha na prisão da Lava-Jato. Na carceragem da PF também estão o empreiteiro Marcelo Odebrecht – detido em 19 de junho de 2015 e agora negociando delação premiada –, o doleiro Alberto Youssef e outros personagens da investigação.
Cunha deve ficar isolado e nesta quinta será levado ao Instituto Médico Legal para exames de corpo de delito, uma praxe policial para verificação do estado de saúde do prisioneiro.
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Confira a íntegra do despacho de Moro que decretou a prisão de Cunha (clique na imagem):
A investigação contra Eduardo Cunha sobre contas na Suíça abastecidas por propinas na Petrobras estava sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF). Cassado pela Câmara, o peemedebista perdeu o foro privilegiado perante a Corte máxima.
Os autos foram deslocados, então, para a 13ª Vara de Curitiba, base da Lava-Jato. Na segunda-feira, Moro intimou Eduardo Cunha a apresentar sua defesa prévia em ação penal que atribui ao ex-deputado US$ 5 milhões nas contas secretas que ele mantinha na Suíça.
A mulher de Eduardo Cunha, Cláudia, também é acusada na Lava-Jato. Mais de US$ 1 milhão da propina que o peemedebista teria recebido sobre contrato da Petrobras no campo petrolífero de Benin, na África, foram gastos por ela em compras de luxo na Europa, segundo os investigadores. Cláudia adquiriu sapatos, bolsas e roupas de grife na França, Itália e em outros países europeus.
Denúncias
A primeira denúncia contra Cunha veio em agosto de 2015 e acusa o parlamentar de corrupção e lavagem de dinheiro por ter recebido ao menos US$ 5 milhões em propinas referentes a dois contratos de construção de navios-sonda da Petrobras.
Por unanimidade, o Supremo aceitou a acusação em março deste ano e tornou Cunha o primeiro político réu na Lava-Jato. Nesta denúncia, ele responde por corrupção e lavagem de dinheiro.
No mesmo mês, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou a segunda denúncia contra o peemedebista, desta vez por manter contas não declaradas no Exterior utilizadas para receber propina, também no esquema de corrupção na Petrobras. A denúncia teve origem na investigação da Suíça que, graças a um acordo de cooperação internacional, foi encaminhada ao Brasil para que o político pudesse ser processado no país.
Mais uma vez por unanimidade, o Supremo aceitou a acusação contra o parlamentar, que passou a responder novamente por corrupção, lavagem e, pela primeira vez, por evasão de divisas.
Em 10 de junho deste ano, Janot apresentou a terceira denúncia contra o peemedebista, desta vez por suspeita de desviar dinheiro do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) nas aplicações que o fundo fazia em obras. A acusação tem como base a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto e descreve em detalhes o suposto esquema ilegal instalado no banco público.
Conforme o procurador-geral, Cunha solicitava propina de grandes empresas para que Cleto viabilizasse a liberação de recursos do FGTS. O caso está sob sigilo na Corte e aguarda uma decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal, que não decidiu ainda se aceita a denúncia.