A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta terça-feira (11) mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Os deputados federais Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Benito Gama (PTB-BA), os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG), além do presidente nacional do partido Solidariedade, Paulinho da Força (SP), também são alvos da operação.
Segundo a PF, pelo menos 200 agentes estão sendo cumprindo 24 mandados de busca e apreensão em um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada em maio de 2017. Há mandados no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá.
São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O cumprimento dos mandados foi autorizado pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O objetivo da ação é investigar o recebimento de vantagens indevidas. Os valores investigados, que teriam sido utilizados também para a obtenção de apoio político, ultrapassam os R$ 100 milhões, que teriam sido recebidos por meio da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
Aécio Neves
De acordo com o portal G1, agentes buscam documentos em um prédio em Ipanema, no Rio, onde Aécio Neves tem residência, e em um apartamento em Copacabana, que seria da irmã dele, Andréa. Há ainda buscas em imóveis da família na capital mineira.
A ofensiva é baseada nas delações de Joesley Batista e Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de quase R$ 110 milhões a Aécio - que, em outubro, foi eleito deputado federal por Minas Gerais.
Em depoimento à PF, o empresário Joesley Batista afirmou ter repassado R$ 110 milhões ao senador durante a campanha do tucano à Presidência da República, em 2014, em troca de apoio a negócios da J&F. Aécio nega ter recebido o dinheiro.
Segundo Joesley, os valores foram divididos entre o PSDB, que teria ficado com R$ 64 milhões, o PTB (R$ 20 milhões) e o Solidariedade (R$ 15 milhões), além de R$ 11 milhões para campanhas de políticos que apoiaram a campanha de Aécio à Presidência.
Contrapontos
Por meio de nota, o advogado Alberto Toron, que representa Aécio, afirmou que ele, na condição de maior interessado no esclarecimento dos fatos, "sempre esteve à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os seus atos".
Também em nota, Paulinho da Força disse que está à "disposição da Justiça para prestar quaisquer esclarecimentos, desde que lhe seja facultado acesso ao processo previamente".
Os demais citados não haviam se manifestado até a publicação desta matéria.