Após a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, dizer que a venda do Banrisul é essencial para adesão do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal, o vice-governador do Estado, José Paulo Cairoli, afirmou que o banco está fora da mesa de negociação e não consta no documento de pré-acordo que o governo do Estado tem em mãos.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Cairoli afirmou que a privatização do banco esteve descartada pelo governo do Estado desde o início da negociação - apesar de a União ter pedido inicialmente que fosse feita a venda - e que os avanços nas conversas ocorreram mesmo nesta condição.
— No inicio da negociação foi citado que o Banrisul deveria ser parte e, naquele momento, ainda com o Guardia (Eduardo Guardia, então secretário-executivo da Fazenda e atual ministro da Fazenda), dei esse assunto por encerrado. Em momento algum colocamos em cima da mesa a negociação do Banrisul. Nosso debate foi de muita franqueza: (a privatização do banco) estava fora e está fora da negociação no nosso governo — assegurou Cairoli.
O vice-governador reforça que os termos de negociação avançaram mesmo com a exclusão do banco das exigências, e que o Piratini recebeu do governo Federal o pré-acordo, que é a carta de intenções para que se avance na adesão ao regime de recuperação, sem nenhuma menção à venda do Banrisul. E afirma que o documento só não foi assinado ainda em razão da mudança da gestão no governo do Estado.
— O documento está pronto, está conosco. Mas, respeitosamente, como não ganhamos a eleição, ficamos no aguardo de ver o que fazer. E agora tomamos a decisão de avançar. O documento foi acordado da melhor forma possível, e lá não consta o Banrisul, nunca constou. O que ela (Ana Paula Vescovi) diz é uma visão dela, eu respeito, é uma boa técnica, mas não é ela que vai determinar o que o governo do Estado tem que fazer — disse Cairoli.
O vice-governador afirma que a área técnica da Fazenda historicamente tem pressionado o governo do Estado a vender o Banrisul para diluir parte da dívida com a União, e pode estar usando isso para dificultar o acordo:
— A sensação é de que não há disposição por parte dos técnicos da Fazenda para que se resolva esse impasse. Então, pra mim, a questão toda é esta.