Diante da sequência de protestos durante a passagem pelo Estado e da confirmação da análise de recurso pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na próxima segunda-feira (26), o PT reavalia a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela região Sul do país. Há a possibilidade de que a comitiva se encerre antes do previsto pelo roteiro original e que Lula comece uma “resistência” para protegê-lo em sindicato em São Paulo.
– Ele não irá se entregar na boa – disse um aliado.
Oficialmente, porém, o partido afirma que o cronograma está mantido. Pela agenda, o ex-presidente passaria por Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu no dia do julgamento de seus embargos de declaração. Na quarta-feira (28), concluiria a caravana com um ato político em Curitiba – cidade de onde sairia, pelo juiz federal Sergio Moro, a sua eventual ordem de prisão.
Em nota, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que acompanha Lula pelo interior gaúcho, declarou que “não espera nada diferente do que (os desembargadores do TRF4) já decidiram”. Segundo a senadora, a legenda ainda apresentará recursos.
Na prática, caso o habeas corpus preventivo do ex-presidente – que será analisado na sessão desta quinta-feira (22) pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) – acabe negado, e se os desembargadores neguem o recurso no TRF4, Lula poderia ser preso a qualquer momento. Mesmo que alvo de divergência entre os próprios ministros do STF, o atual entendimento da Corte é de que a execução da pena deve ocorrer após a condenação em 2ª instância.
Clima de animosidade
Além do cerco judicial, o petista ainda enfrenta o clima de animosidade de parte dos moradores na caravana pelo Rio Grande do Sul. Até o momento, houve protestos nas cinco cidades gaúchas percorridas pela comitiva desde segunda-feira (19).
Estou um pouco envergonhado pelo comportamento de algumas pessoas no RS.
EX-PRESIDENTE LULA
Durante evento em São Borja
Mesmo sem as cenas de confronto generalizado entre manifestantes como na passagem por Bagé e Santa Maria, movimentos anti-Lula marcaram as visitas a São Vicente do Sul, na Região Central, e São Borja, na Fronteira Oeste, nesta quarta-feira (21). Nas duas cidades, o Pelotão de Operações Especiais (POE) da Brigada Militar (BM) acompanhou as movimentações e isolou os grupos favoráveis e contrários ao petista para evitar conflitos.
Os enfrentamentos têm levado a cúpula petista a rediscutir, hora após hora, as estratégias e os próximos passos da caravana. Na chegada a São Borja, por exemplo, o comboio de ônibus decidiu desviar por uma estrada de chão batido para evitar o protesto posicionado na entrada principal do município. Diferentemente do previsto no roteiro, Lula também deixou a cidade sem visitar os museus dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart.
– Estou um pouco envergonhado pelo comportamento de algumas pessoas no Rio Grande do Sul – discursou o petista, na praça central de São Borja, com um lenço vermelho laçado sobre a camisa azul.