A Polícia Federal (PF) já trabalha com o cenário de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será preso. A ação vem sendo estudada há meses e o momento culminante pode ser segunda ou terça-feira, caso sejam recusados os recursos do líder petista contra sua condenação a 12 anos de reclusão, determinada pelo Tribunal Federal da 4ª Região (TRF4).
Como até agora nenhum apelo dos advogados do ex-presidente prosperou, os policiais federais se preparam para efetivar a detenção. Mais de três dezenas de agentes no Paraná e em São Paulo estão de prontidão para eventual deslocamento. Duas equipes se dirigirão ao local onde Lula está, as demais farão parte de comboios e bloqueios necessários para evitar tumultos, bem como para driblar eventuais seguidores do político. Carros discretos serão utilizados e não há previsão de que o petista seja algemado, até para evitar constrangimentos.
Há também previsão de solicitar ajuda da Polícia Militar (paranaense ou paulista) para fazer bloqueios de ruas nos pontos onde o ex-presidente possa estar abrigado. O cálculo é de que, junto com agentes federais, possam ser mobilizados 350 policiais para essa operação.
Tudo isso, se a sentença for confirmada, ressalta um experiente agente da PF, que atua na Operação Lava-Jato.
— Estávamos com equipes prontas em Foz do Iguaçu (PR) para eventual ordem de prisão, já que o ex-presidente faria discurso aqui (no município) na próxima segunda-feira. Outras equipes estavam prontas em Curitiba, onde ele faria comício no dia 28. Caso ele cancele, como está anunciando, o foco do planejamento se desloca para o Estado de São Paulo, onde reside — informa o policial.
Na segunda-feira, o TRF4 julga os embargos de declaração propostos pelos advogados de Lula. Caso algum ponto da sentença seja alterado, há possibilidade de novos recursos, dentro do próprio tribunal regional. Mas se a sentença permanecer inalterada, a determinação de prender o ex-presidente será tomada em horas.
O próprio juiz que condenou Lula em 1ª instância, Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, fez chegar aos policiais federais a informação de que, negado o recurso, será imediatamente ordenada a prisão do condenado.
Há esperança de que os advogados do ex-presidente o apresentem às autoridades, caso seja ordenada a prisão de Lula. Nesse caso, ele será transferido para a sede da superintendência da PF em Curitiba. Só então será decidido se ele ficará lá ou irá para o Complexo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, presídio onde ficam os detentos da Operação Lava-Jato já condenados. Destinado àqueles com doenças crônicas, o local ganhou uma ala para criminosos de "colarinho branco".
Uma terceira possibilidade é que o juiz permita que o condenado cumpra pena próximo a sua residência, em São Bernardo do Campo (SP).