A rapidez com que o juiz federal Sergio Moro mandou prender o ex-vice-presidente da construtora Engevix Gerson Almada assusta petistas e serve de alerta à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Almada teve o mandado de prisão expedido contra si apenas um dia útil após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) publicar o acórdão da decisão que negava ao empreiteiro o derradeiro recurso na Corte.
Lula encontra-se em situação semelhante. Aquele que pode ser seu último recurso no TRF4 será julgado na segunda-feira (26). Como foi condenado por unanimidade, tem direito só a embargos de declaração, instrumento pelo qual pede esclarecimentos sobre a decisão, mas não reverte a condenação.
Como a maioria dos argumentos de Lula nos embargos já havia sido rejeitada em questões preliminares no julgamento de segunda instância, em janeiro, são grandes as chances de nova derrota na 8ª Turma. Restaria somente os embargos dos embargos, recurso sistematicamente negado pelo TRF4 pelo seu caráter protelatório. Caso esse cenário se confirme – o que é projetado inclusive por advogados simpatizantes de Lula –, a prisão do ex-presidente seria questão de dias.
Almada foi condenado por Moro a 19 anos de prisão. Ao recorrer ao TRF4, teve a pena aumentada para 34 anos. Todos seus recursos foram negados, o último na quinta-feira. O acórdão encerrando a tramitação do processo em segunda instância foi publicado no site do tribunal às 13h34min de sexta-feira. Às 10h51min do primeiro dia útil seguinte (segunda-feira), Moro assinou o mandado de prisão.
A eventual prisão de Lula assusta os parlamentares petistas que acompanham o ex-presidente em caravana pelo Estado. Embora não admitam publicamente, temem que o encarceramento sepulte de vez as chances de ele concorrer à Presidência. A última esperança é uma revisão na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) que autoriza a execução provisória de pena a condenados em segunda instância. A resistência da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, irrita deputados.
— Se Cármen Lúcia não quer sofrer pressões, que entregue o cargo — desabafa um aliado de Lula.