Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul desde que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre, confirmou a sua condenação em segunda instância, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontrou clima de animosidade em Bagé, na Campanha. Protestos, confrontos e prisões marcaram a passagem do ex-presidente pela cidade na manhã desta segunda-feira (19).
– Confesso que saio triste daqui, mas, se tem alguém que não gosta da gente, aviso que vamos voltar – disse o petista.
Lula desembarcou no aeroporto do município, que teve o acesso bloqueado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em uma chamada “segurança militante”, por volta das 10h30min. Ele estava acompanhado de sua sucessora, Dilma Rousseff, e do ex-governador Tarso Genro.
Do terminal, seguiu em um ônibus para a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), localizada no acesso principal a Bagé. Por lá, outro grupo de apoiadores aguardava a chegada de Lula no pátio em frente à instituição.
No mesmo terreno, ruralistas também armaram um protesto, mas contrário à visita. Com cerca de 20 tratores e os motores ligados, o grupo seguia o coro que vinha da caixa de som: “Lula sabia de tudo, a Dilma Rousseff também!”. Nas máquinas, cartazes com as frases “Lula ladrão, em Bagé, não!” e um pixuleco gigante pendurado em uma gaiola.
Assim que o ônibus adesivado com o enunciado “Lula pelo Brasil – Região Sul” despontou na chegada ao campus, a hostilidade aumentou.
Manifestantes anti-Lula arremessaram pedras contra os coletivos, e o grupo ligado ao ex-presidente foi ao encontro. Em meio ao corre-corre, houve arremesso de pedras e empurra-empurra. Três homens, à paisana, que se disseram policiais, chegaram a sacar armas. Não houve disparos.
Com o apoio do Batalhão de Operações Especiais (BOE), a Brigada Militar (BM) conteve o tumulto. Porém, sem qualquer bloqueio físico entre os grupos, a troca de ameaças persistiu durante toda a manhã.
Duas pessoas foram presas – um jovem que estava ao lado dos petistas e, segundo a BM, recolhia pedras e pedaços de madeira para arremessar, e outro que teria lançado pedaços de concreto contra os coletivos da caravana lulista.
Diante do cenário tensionado, o ex-presidente fez um rápido discurso para a militância. Após visitar o prédio da Unipampa, inaugurada em 2008, durante o seu governo, subiu em um carro de som e emendou:
— Essas pessoas que vieram se manifestar contra a nossa vinda deveriam ter vindo protestar quando estávamos inaugurando essa universidade. Não me preocupo com quem está protestando. Amanhã, eles estarão batendo palmas em sinal de aprovação ao governo que faremos nesse país.
Acompanhado da ex-presidente Dilma Rousseff, da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, do ex-governador gaúcho Tarso Genro, entre outros deputados e ex-ministros petistas, Lula seguiu em ônibus para Santana do Livramento. Na Fronteira Oeste, participa, à tarde, de uma conversa pública com o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica.