Em ato de lançamento do livro no qual diz estar "pronto para ser preso", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (16) estar com a "tranquilidade dos inocentes" diante da possibilidade de ir para a cadeia após condenação por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele declarou que, se realmente for preso, será um preso político.
— Tenho certeza que, se eles ousarem mandar me prender, eles estarão cometendo a maior barbárie jurídica desse País porque estarão me transformando no primeiro preso político do século 21 aqui neste País — disse Lula, na sede do Sindicato dos Químicos em São Paulo, onde ocorre o lançamento.
Um panfleto distribuído no evento alertava para a possibilidade e Lula ser preso a qualquer momento, em virtude do julgamento dos embargos da defesa de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre.
— Todos nós arcaremos pelas nossas decisões, é por isso que estou muito tranquilo, com uma tranquilidade dos inocentes, é por isso que resolvi enfrentá-los —disse o ex-presidente.
O petista voltou a falar que quer ser novamente presidente da República e relacionou sua intenção eleitoral com a "perseguição" enfrentada na Justiça.
Delfim
Lula fez declarações em desagravo ao ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, que foi alvo de mandados de busca e apreensão pela Operação Lava-Jato há uma semana.
O ex-presidente ligou ontem para o ex-ministro, que foi conselheiro dos governos petistas, em solidariedade.
— Não posso permitir que com quase 90 anos Delfim seja acusado de corrupto por fazer uma consultoria — disse o petista.
Ele afirmou que não há no País "nenhum consultor da capacidade de Delfim Netto para discutir projetos".
Ao fazer a defesa, Lula, que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na mesma operação, disse que não deseja para outros o que também não quer para si. Ao fazer um discurso se defendendo das acusações, e prometendo ser candidato novamente este ano, o ex-presidente disse que se for eleito vai eliminar a exigência de declaração de Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos.