De volta a uma intensa agenda política em defesa de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff discursou para a militância petista no início da tarde desta terça-feira (23), em Porto Alegre. No alto de um caminhão de som, em frente à Assembleia Legislativa, pediu que o Judiciário resgate sua isenção.
— Antes, Lula tinha de ser destruído. Agora, quando cresce nas pesquisas e mostra seu potencial político, passa a ser aquele que tem de ser aniquilado da face da terra. Aí, usam contra ele um processo de perseguição política — disse, ao microfone, a ex-presidente.
Dilma era a participação mais aguardada do ato "Mulheres pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato", uma das atividades da programação pró-Lula na Capital na véspera do julgamento do petista no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), marcado para esta quarta-feira (24). Em discurso de pouco mais de meia hora, pediu aos militantes resistência ao "golpe parlamentar" e desqualificou a sentença condenatória de Sergio Moro.
— O golpe foi feito para destruir o PT, mas, principalmente, Lula. Mas o golpe deu errado — completou a petista.
A ex-presidente chegou ao caminhão de som protegida por uma corrente humana de militantes mulheres. Sobre o veículo, discursou ao lado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), entre outras.
O público que se deslocou para o centro da cidade para acompanhar a manifestação bloqueou a rua em frente à Assembleia e parte da Praça da Matriz. Inicialmente, o ato estava marcado para o Teatro Dante Barone, dentro do prédio do Legislativo. Porém, devido a uma queda de luz, foi transferido para a rua e começou com cerca de duas horas e meia de atraso.
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Julgamento de Lula
Condenado em primeira instância pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva terá sua apelação julgada pelo TRF4, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24). A condenação é referente à denúncia na 13ª Vara Federal de Curitiba por supostamente ter recebido propina da construtora OAS em troca de favorecimentos à empreiteira em contratos na Petrobras. O suborno, no total de R$ 3,7 milhões, teria sido pago com a aquisição e reforma de um triplex no Guarujá (SP) e com o custeio do armazenamento de seu acervo presidencial.
Os advogados pedem a absolvição do petista, alegando que a condução do processo por Moro foi "parcial e facciosa". Já o MPF recorreu da decisão de Moro por entender que o ex-presidente deve ser punido por três atos de corrupção em concurso material — instrumento jurídico pelo qual as penas são somadas —, e não apenas por um crime de corrupção e um de lavagem de dinheiro como entendeu o juiz na sentença.
O ex-presidente será julgado pela 8ª Turma do TRF4, formada pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator do processo, Leandro Paulsen, presidente da Turma e revisor, e Victor Luiz dos Santos Laus. Estão previstas manifestações favoráveis e contrárias ao ex-presidente em Porto Alegre, e foi montado um esquema de segurança especial. Seja qual for o resultado do julgamento — condenação ou absolvição —, o processo não se encerra nesta quarta-feira, já que cabem recursos ao próprio TRF4.
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