Uma embarcação com um boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Guaíba com uniforme de presidiário, conhecido como "pixuleco", foi abordada pela Brigada Militar (BM), responsável pelo patrulhamento naval na área, na manhã desta quarta-feira (24), em Porto Alegre.
A manifestação ocorreu no Guaíba, próximo ao Anfiteatro Pôr do Sol, local onde estão acampados os ativistas pró-Lula. O material, que estava fora do perímetro estabelecido pela operação de segurança no entorno do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) foi retirado pelos manifestantes, após orientação da BM para não violar perímetro de segurança.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, durante a abordagem foi constatado que a documentação e a tripulação estavam em situação regular, no entanto, o material foi removido da embarcação por volta das 8h. A manifestação teria sido organizada pelos movimentos La Banda Loka Liberal, Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) favoráveis à condenação do ex-presidente.
A coordenadora do MBL no Rio Grande do Sul, Paula Cassol, negou que a manifestação tenha sido encerrada por ordem da Brigada Militar. Segundo ela, a BM apenas orientou os participantes para que não violassem o perímetro de segurança, e o término da ação ocorreu no horário previsto anteriormente.
Julgamento de Lula
Condenado em primeira instância pelo juiz Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva terá sua apelação julgada pelo TRF4, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24). A condenação é referente à denúncia na 13ª Vara Federal de Curitiba por supostamente ter recebido propina da construtora OAS em troca de favorecimentos à empreiteira em contratos na Petrobras. O suborno, no total de R$ 3,7 milhões, teria sido pago com a aquisição e reforma de um triplex no Guarujá (SP) e com o custeio do armazenamento de seu acervo presidencial.
Os advogados pedem a absolvição do petista, alegando que a condução do processo por Moro foi "parcial e facciosa". Já o MPF recorreu da decisão de Moro por entender que o ex-presidente deve ser punido por três atos de corrupção em concurso material — instrumento jurídico pelo qual as penas são somadas —, e não apenas por um crime de corrupção e um de lavagem de dinheiro como entendeu o juiz na sentença.
O ex-presidente será julgado pela 8ª Turma do TRF4, formada pelos desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator do processo, Leandro Paulsen, presidente da Turma e revisor, e Victor Luiz dos Santos Laus. Estão previstas manifestações favoráveis e contrárias ao ex-presidente em Porto Alegre, e foi montado um esquema de segurança especial. Seja qual for o resultado do julgamento — condenação ou absolvição —, o processo não se encerra nesta quarta-feira, já que cabem recursos ao próprio TRF4.
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