Sem conseguir votar nenhum projeto na segunda-feira (29), o governo de José Ivo Sartori aposta em duas estratégias para tentar avançar nas votações em nova sessão na Assembleia Legislativa, nesta terça (30), às 14h. Uma delas é silenciar e não responder às críticas da oposição na tribuna. A outra, é redobrar a atenção para evitar novo cochilo da base.
As sessões extraordinárias foram convocadas por Sartori para votar a adesão do Estado ao regime de recuperação fiscal da União, além de três propostas de emenda à Constituição (PEC) que extinguem a necessidade de plebiscito para a venda de três estatais – CEEE, Sulgás e CRM.
A primeira sessão terminou uma hora e meia antes do esperado porque, durante uma verificação de quórum, faltaram três deputados aliados no plenário. Dessa vez, a ordem no Palácio Piratini é para que a distração não se repita.
— Infelizmente, aconteceu. Agora temos de ter foco total, porque é natural que a oposição faça uso desse instrumento (verificação de quórum) de novo — afirmou o líder do governo na Casa, Gabriel Souza (PMDB), lembrando que, em dezembro, o dispositivo foi utilizado sete vezes e, na ocasião, a base conseguiu corresponder às expectativas.
Na avaliação dele, o retorno de dois deputados que estavam em viagem – Elton Weber (PSB) e João Reinelli (PV) – ajudará a reforçar o grupo de apoiadores, caso alguém precise sair de novo para ir ao banheiro, como ocorreu com Ibsen Pinheiro (PMDB) na segunda-feira.
Quanto à decisão de não ir à tribuna, a medida é uma forma de evitar "perda de tempo". Na primeira sessão, um após o outro, os deputados contrários a Sartori se revezaram ao microfone, usando todo o prazo de que dispunham para criticar o Piratini e seus projetos, na tentativa de postergar as votações.
Funcionou, e a tendência é de que a manobra se repita nesta segunda-feira. O governo quer que os aliados sejam "pacientes".
— Se aceitarmos provocações, vamos acabar jogando o jogo da oposição. Por isso não vamos entrar em discussão para não perder tempo — disse Any Ortiz (PPS).
Convocação extraordinária
Com parcelamentos salariais consecutivos desde fevereiro de 2016, o governo Sartori prevê o "colapso" das finanças públicas se não conseguir aderir ao regime de recuperação fiscal proposto pelo Palácio do Planalto.
Caso se concretize, a adesão ao regime garantirá aval para novos empréstimos e pelo menos três anos de carência na dívida com a União, um fôlego de mais de R$ 10 bilhões ao caixa – equivalente a seis folhas de pagamento do Executivo.
O Piratini tentou votar o tema no fim do ano passado, antes do início do recesso parlamentar, mas a oposição conseguiu obstruir a sessão – retirando quórum sucessivamente.