Em ato no Teatro da PUC de São Paulo, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu, se eleito, a formação de um governo "para além do PT". A declaração foi feita na noite de segunda-feira (24) na presença dos economistas Persio Arida, idealizador do Plano Real, e Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB).
— Meirelles, Persio Arida e Mercadante sabem que não existe milagre em economia, ninguém inventa, as coisas tem que ser feitas com muita seriedade. Muita gente fica preocupada: "O Lula voltou. Que Lula? O Lula de antes da prisão ou depois da prisão?", como se fosse possível a gente ter duas personalidades sendo a mesma pessoa. Nosso governo não será do PT, nós precisamos fazer governo além do PT — afirmou Lula ao discursar, também citando seu coordenador do plano de governo, o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante.
O candidato voltou a dizer que tem responsabilidade fiscal e que isso seria atestado por Meirelles, que foi seu presidente do Banco Central. O petista defendeu ainda que a autoridade monetária teve mais autonomia em seu governo do que atualmente, com a legislação da autonomia aprovada.
Para Lula, esta semana, reta final do segundo turno, é uma das mais importantes da história do país.
— Precisamos ter consciência que é agora ou a gente vai se arrepender pelo resto da vida — disse.
Com a voz embargada, ele voltou a criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo relato de que "pintou um clima" com meninas venezuelanas.
— Um presidente da República jamais poderia ter tido a atitude pedófila que teve, não respeitando uma criança de 14 anos de idade — declarou.
Ao rememorar os fatos da semana, Lula condenou o racismo sofrido pelo cantor Seu Jorge e as ofensas proferidas pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) contra a ministra Carmén Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). Jefferson acabou preso no domingo após resistir à operação policial com tiros e granadas.
— Nem um ser humano normal em coma alcoólico conseguiria falar as palavras que esse Roberto Jefferson falou sobre a ministra Carmen Lúcia — apontou Lula, chamando o presidente do PTB de "bandido".