No momento em que a pauta ambiental é uma tônica no exterior, o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta segunda-feira (29), em encontro com eurodeputados aliar preservação e exploração na Amazônia. A combinação, defendeu Lula, aconteceria em um eventual novo governo petista com ajuda internacional, mas sem o Brasil abrir mão da soberania da floresta.
— A gente não quer transformar a Amazônia em santuário da humanidade, mas explorar o que a biodiversidade possa oferecer — declarou.
O petista defendeu a importância da União Europeia nas cooperações para a Amazônia e lembrou que a floresta abrange outros países da América Latina, como a Venezuela.
— Pode-se utilizar Amazônia para que da Amazônia a gente possa extrair da riqueza da biodiversidade o suficiente para sustentar quase 30 milhões de brasileiros que moram naquela região — avaliou.
Para o ex-presidente, o país precisa compartilhar pesquisa com outros países para descobrir tudo o que existe de riqueza na biodiversidade da Amazônia.
— O Brasil pretende construir parcerias com outros países. Embora sejamos donos do território, a Amazônia é de interesse da sobrevivência da humanidade e, portanto, todos tem responsabilidade para ajudar a cuidar — ressaltou.
Ao comentar a questão ambiental, o petista relembrou uma conversa com o ex-presidente norte-americano, Barack Obama, que teria proposto a ele um fundo verde para funcionar de forma semelhante ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
— Eu falei: "Obama, pelo amor de Deus, não fala no FMI. Aqui no Brasil, a gente tem ojeriza ao FMI. Não nos interessa um fundo para funcionar igual ao FMI — relatou o candidato aos eurodeputados.
O candidato do PT afirmou ainda que, se eleito, fará esforço para aprovar o acordo comercial União Europeia-Mercosul, hoje travado nos parlamentos locais europeus em parte devido à política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), criticada internacionalmente.
— O esforço para que possamos fazer e concretizar o acordo Mercosul-União Europeia será trabalhado com muita força por nós. Porque acho que precisamos, mais do que nunca, um dos outros — defendeu.
Pelo lado europeu, a comitiva foi liderada pela presidente da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas da União Europeia, a eurodeputada Iratxe García. Durante o encontro, Lula avaliou que a transição energética pode demorar.
— Enquanto petróleo for barato e tiver acesso ao mundo todo, acredito que muita gente não terá interesse em mudar matriz energética do seu país. Você precisa ter consciência que esse país é um dos países que tem matriz energética mais limpa do planeta — pontuou o candidato, que, por sua vez, voltou a se comprometer a trabalhar pelo hidrogênio verde se eleito presidente.
Ucrânia
O petista criticou também a invasão da Ucrânia pela Rússia, chamada por ele de "coisa desagradável", e afirmou que não concorda "em hipótese alguma" com uma ocupação territorial de um país por outro.
— Acho que a guerra foi precipitada, faltou conversa, liderança e interesse de evitar. É lamentável que esse conflito esteja acontecendo no quintal da Europa — acrescentou, pedindo o fim do confronto "o mais rápido possível".
Aos europeus, Lula defendeu que o mundo precisa voltar à normalidade e reiterou que, em um eventual novo governo dele, as relações do Brasil com a União Europeia serão fortalecidas.
— Queremos uma relação de parceria e troca, onde todos possam ganhar alguma coisa e ninguém perca. Se voltarmos a governar o Brasil, nossa parceria com a União Europeia será mais forte do que foi — seguiu.
O petista avaliou ainda que a Europa é modelo de bem estar social para o mundo e tem organização política "razoavelmente avançada".