O primeiro debate entre candidatos à Presidência da República reuniu, na noite deste domingo (28), os seis primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil). O encontro foi organizado por Folha de S.Paulo, UOL, Band e TV Cultura.
Logo na primeira rodada de questões entre os concorrentes, Bolsonaro dirigiu uma pergunta para Lula, falando sobre endividamento da Petrobras, dizendo que o povo nordestino sofreu pela corrupção nos mandatos do PT e questionou por qual motivo Lula quer voltar ao governo.
— Era preciso ser ele pra me perguntar — começou respondendo Lula, acrescentando que os números citados por Bolsonaro eram mentirosos. — Citar números mentirosos não vale a pena. Não tem nenhum presidente da República que mais fez (no combate à corrupção). Lei Anticorrupção, fizemos Coaf funcionar.
Bolsonaro replicou que, segundo Antonio Palocci (ex-ministro do petista), tudo foi aparelhado no governo petista. Disse que Lula recebia pacotes de propina e que seu governo era uma “cleptocracia”, um governo a base de roubo, feito para controlar o parlamento.
— O seu governo foi o mais corrupto da história — disse Bolsonaro.
Lula, então, afirmou que seus mandatos foram marcados pelo crescimento em muitas áreas, como empreendedorismo, educação, riqueza da biodiversidade, proteção da Amazônia, relações internacionais, entre outros.
— O país que eu deixei é o país que o povo tem saudade, o país do emprego, e esse país vai voltar — acrescentou Lula.
Ainda durante o debate, questionado sobre educação, Lula disse que vai propor um pacto com governadores e prefeitos logo no início de um eventual futuro mandato para reduzir “o atraso educacional” deixado pela pandemia.
— Lamentavelmente, a educação foi abandonada no país — criticou Lula, sem citar Bolsonaro.
Já o candidato do PL, questionado por Ciro sobre a fome no país, usou indicadores econômicos e benefícios sociais para defender seu mandato. O presidente tem sido aconselhado por assessores a falar de economia para ganhar votos.
— É um governo que tem um olhar todo social para os mais pobres — declarou Bolsonaro, dois dias depois de ter negado que há fome no país.
O presidente citou o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 a R$ 600 até o final do ano, além da desaceleração da inflação e a queda do desemprego.
— Fizemos milagre durante a pandemia — emendou ele.
Mais tarde, Lula dise que o atual governo federal não incluiu o Auxílio Brasil de R$ 600 na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada ao Congresso, o que não garante a manutenção deste valor em 2023, “o que significa que tem uma mentira no ar”, acrescentou Lula. Bolsonaro, então, respondeu:
— Sobre a LDO, após as eleições podemos fazer algo mais concreto para buscar os recursos para pagar R$ 600 (em 2023).
Na guerra entre Lula e Bolsonaro, Ciro e Simone saem ganhando no debate
Leia a coluna completa
STF
No debate, Bolsonaro também atacou decisão tomada no Supremo Tribunal Federal (STF) e defendeu empresários que, há algumas semanas, falaram em golpe de Estado caso Lula vença.
— Um ministro agora há pouco interferiu, mandando investigar, fazendo busca e apreensão, entre outras barbaridades — declarou Bolsonaro, em referência a Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do STF. — Não tenho problemas com poder nenhum. Alguns ministros do Supremo querem interferir no Executivo de qualquer jeito.
Discussão
O deputado federal André Janones (Avante-MG), apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador de Bolsonaro, protagonizaram confusão na sala de convidados. Seguranças precisaram intervir para evitar agressão física. A discussão começou após Lula dizer que o desmatamento no seu governo foi o menor. Salles reagiu aos gritos e disse que o desmatamento no tempo do PT foi o maior.