Após ser criticado por Ciro Gomes (PDT) no primeiro debate entre presidenciáveis, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentou uma aproximação com o pedetista, seu ex-ministro. Disse que, com o passar da campanha, eles voltarão a conversar e restabelecer a relação. O encontro realizado na noite deste domingo (28) foi organizado por Folha de S.Paulo, UOL, TV Bandeirantes e TV Cultura.
Ciro classificou Lula como "encantador de serpentes" e justificou que seu distanciamento em relação ao petista ocorreu porque o ex-presidente "se deixou corromper".
— Ele quer sempre trazer as coisas para o lado pessoal — disse Ciro.
O pedetista, então, atribuiu ao petista a ascensão do presidente Jair Bolsonaro (PL):
— Não acho que Bolsonaro desceu de Marte. Bolsonaro foi um protesto absolutamente reconhecido contra a devastadora crise econômica que o Lula e o PT produziram.
Lula acenou a Ciro com uma possível aliança caso vença as eleições deste ano, mas provocou o pedetista ao dizer que, na eleição passada, "fiquei no Brasil, e não fui para Paris".
— Ciro resolveu não estar conosco, ter candidatura própria. É um direito dele. Se ganhar as eleições, vamos ver se conseguimos atrair o PDT para participar do nosso governo — afirmou Lula ao dizer também ter "profunda deferência" pelo ex-aliado.
— Tem três pessoas que eu tenho profunda deferência no Brasil. Mário Covas, Roberto Requião e Ciro Gomes. Eles podem falar mal de mim, mas eles têm o coração mais mole que a língua. São muito mais compreensíveis aos problemas sociais — completou Lula.
O ex-presidente disse ainda que o pedetista vai pedir desculpas a ele por chamá-lo de corrupto:
— Quando Ciro joga a responsabilidade do cidadão nas minhas costas. Eu não saí do Brasil, eu não fui para Paris. Fui preso para não ganhar as eleições porque sabiam que eu ia ganhar as eleições. Fui absolvido em todos os processos. Eu sou o único inocente que pago o preço de ser inocente.