Um dia depois de selar aliança com o PSOL, a candidata a prefeita de Porto Alegre Manuela D’Ávila (PCdoB) recebeu, nesta terça-feira (17), apoio vindo da periferia da Capital. Líderes comunitários, integrantes de movimentos sociais e um dos vereadores eleitos mais votados no último domingo (15), o historiador Matheus Gomes (PSOL), decidiram reforçar a campanha de Manuela no segundo turno.
Com máscaras, álcool gel e distanciamento social, o grupo foi recebido no pátio do comitê, no bairro Cidade Baixa — uma forma de garantir a circulação de ar e evitar o coronavírus, preocupação constante de Manuela. O encontro ocorreu no fim da manhã, depois da visita da ex-deputada federal Esther Grossi, que presenteou a candidata com seus tradicionais merengues e com um livro sobre ensino.
— Vim dizer à Manuela que não se esqueça de priorizar a formação de professores. Precisamos pensar nos educadores e prepará-los bem — ressaltou Esther, especialista na área.
O tema da educação voltaria a ser alvo de manifestações em seguida, tanto quanto questões envolvendo saúde pública, ecologia e sustentabilidade, luta contra o racismo e a favor da causa LGBT+ e moradia digna. Manuela mais ouviu do que falou.
— Queremos colocar nosso capital político a serviço da tua candidatura para derrotar o bolsonarismo e a direita — resumiu Gomes, que recebeu 9.869 votos no último domingo e se elegeu pela primeira vez à Câmara de Vereadores.
Na sequência, foram convidados a falar membros da Pastoral da Criança do Morro da Conceição, da Rede de Bibliotecas Comunitárias do Rio Grande do Sul, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), dos coletivos Afronte, Marielle Vive e Nós por Nós Solidariedade, além de diferentes grupos ligados ao PSOL.
— Estamos aqui para dar a maior força do mundo. A Manu está em alta lá na comunidade — ressaltou Carmen Bica, liderança da Vila Maria da Conceição.
Militante da tendência Construção Socialista (CS), do PSOL, e integrante do coletivo Marielle Vive, Zila Farias completou:
— Agora somos nós e ela. Com muito orgulho, queremos compor contigo, Manuela, porque não podemos mais admitir que os filhos de alguns tenham direito a creche e os de outros, não.
Ao final, Manuela agradeceu a chancela, lembrou que faltam menos de duas semanas para a votação final e disse contar com a ajuda de todos para reduzir o alto índice de abstenção registrado em Porto Alegre no último domingo, onde 33% do eleitorado abriu mão de votar, um recorde entre as capitais. Ela aposta na reversão desse percentual, entre outros fatores, para reverter o favoritismo do adversário, Sebastião Melo (MDB).
— É uma campanha menos do "vira voto" e mais do "vai votar". Precisamos convencer as pessoas de que vale a pena sair de casa e ir até a urna. Temos 12 dias pela frente, e o que pode fazer a diferença é a nossa capacidade de mobilização — destacou Manuela.
O dia também foi dedicado a entrevistas a veículos de comunicação e a desmentir uma notícia falsa que circula na rede, sugerindo que a candidata, ao ser eleita, fechará todas as atividades em razão da pandemia. A ex-parlamentar afirma que não é verdade e diz que sua prioridade é adotar ações de prevenção "justamente para evitar o fechamento".
Alianças
Desde que iniciou as tratativas com outros partidos para ampliar a base da candidatura no segundo turno, Manuela conta com a adesão do PSOL e da Rede, fundada pela ex-ministra Marina Silva, considerada importante aliada. A ex-deputada ainda aguarda respostas do PV, de Montserrat Martins, do PDT, de Juliana Brizola, e do PSB, que apoiou Juliana na primeira etapa da disputa.
No caso do PDT, a situação depende de decisão do presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, e de consenso interno — algo que, por enquanto, parece longe de ocorrer. É possível que a agremiação opte por liberar os filiados para que decidam individualmente a quem apoiar.
Na campanha de Manuela, a ordem é aguardar.
— Temos de respeitar o tempo de cada partido — disse Marcio Cabreira, coordenador da campanha de Manuela.
As definições tendem a sair até quinta-feira (19), já que, no dia seguinte, reinicia a propaganda eleitoral gratuita, que tende a contar com depoimentos de possíveis aliados.