A eleição municipal de 2020 renovará quase a metade dos vereadores de Porto Alegre. O resultado da votação do domingo (15) vai dar posse no ano que vem a 16 nomes que não ocupavam cadeira no plenário, em um rodízio equivalente a 44% das 36 vagas — índice muito superior aos 30,5% verificados no pleito de quatro anos atrás, levando-se em conta também os suplentes que assumiram o cargo ao longo da legislatura e depois conseguiram se eleger.
Nomes tradicionais como Adeli Sell e Marcelo Sgarbossa (PT), João Bosco Vaz (PDT), Reginaldo Pujol e Mendes Ribeiro (DEM), ou Wambert di Lorenzo (PTB) não puderam confirmar mais um mandato, ficaram como suplentes e deverão ser substituídos por novos personagens na política local.
As novidades não se resumem aos nomes e às caras dos futuros parlamentares. A próxima legislatura também trará outra correlação de forças partidárias à Câmara Municipal. O número de siglas, que já era elevado, fragmentou-se ainda mais: haverá 18 partidos representados, contra 16 que ganharam assento quatro anos atrás ou 15 com assento atualmente. Uma grande quantidade de partidos costuma significar um desafio maior para as gestões municipais costurarem sustentação política.
O MDB, que havia somado cinco cadeiras no pleito anterior e alcançado o melhor desempenho geral, perdeu duas delas. Agora, outras três siglas (uma de centro e duas de esquerda) obtiveram os resultados mais expressivos, cada uma com quatro vereadores eleitos: PSDB, PSOL e PT. Com três vagas, além do MDB, aparece o PTB.
Os tucanos apresentaram uma das melhores performances em comparação com 2016, quando haviam emplacado apenas um eleito. O PCdoB, embalado pela campanha de Manuela D'Ávila à prefeitura, conquistou dois lugares — não havia marcado presença no plenário há quatro anos (veja composição completa da Câmara no infográfico abaixo).
Presença negra e feminina aumenta na Câmara
Outra diferença fundamental entre a próxima legislatura e a atual é a ampliação da presença feminina. A eleição de 11 mulheres marca uma reversão em comparação ao pleito anterior, quando o número de vereadoras havia se reduzido de cinco para quatro. A nominata divulgada na noite de domingo representa um crescimento de quase três vezes na representação delas na Câmara, que será equivalente a 30,5% do plenário.
A pluralidade também vai aumentar em relação à etnia. O número de concorrentes negros eleitos saltou de apenas um em 2016, quando Tarciso Flecha Negra (falecido em 2018) conquistou vaga, para cinco a partir de 2021 — incluindo dois dos cinco candidatos mais votados: a campeã de votos para o legislativo da Capital Karen Santos (PSOL), com 15.702 eleitores, e Matheus Gomes, também do PSOL, na quinta colocação com 9.869 votos.
Karen Santos já tinha uma cadeira na Câmara, após iniciar a legislatura como suplente e ocupar o lugar de Fernanda Melchionna quando a colega de partido assumiu vaga como deputada federal, em 2019. Laura Sito (PT) e Bruna Rodrigues (PCdoB) também são autodeclaradas negras junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e farão parte do novo parlamento da Capital a partir de janeiro.