A Justiça Eleitoral começou, nesta semana, a carregar as 26.365 urnas eletrônicas com os dados relativos às eleições municipais de 2020 no Rio Grande do Sul. Até 9 de novembro, todos os equipamentos serão revisados, testados, configurados e receberão os dados dos candidatos, dos eleitores e das seções deste pleito.
O trabalho, que envolve centenas de servidores públicos e pessoal terceirizado, é crucial para garantir que cada urna aceite apenas os votos dos eleitores cadastrados na respectiva seção eleitoral e para que os equipamentos já fiquem etiquetados e organizados para serem distribuídos aos locais de votação.
A primeira etapa, realizada entre quarta (28) e quinta-feira (29), foi a preparação dos cartões de memória e pen-drives oficiais da Justiça Eleitoral, usados para transmitir os dados da eleição para dentro de cada urna. Essa fase, feita em cada zona eleitoral, é acompanhada por juízes eleitorais e aberta aos fiscais de partidos.
Geradas as mídias, elas são fisicamente carregadas aos depósitos de urnas do cartório eleitoral. Ali, começa um minucioso trabalho de checagem e carregamento das máquinas.
Primeiro, a máquina é retirada da caixa e, depois, é conferido se há papel suficiente na bobina para garantir a impressão do boletim de urna, ao final do pleito. Feito isso, a primeira das mídias é inserida. Trata-se de um cartão de memória com o software da Justiça Eleitoral e com dados gerais da eleição. Só então a urna é ligada e cabe ao operador acertar a hora no equipamento e informar a seção para a qual a máquina será destinada. Feito isso, ocorre a cópia automática dos arquivos e o equipamento pede para ser desligado.
O operador, então, retira a primeira mídia e insere um segundo cartão de memória que contém as fotos dos candidatos. O profissional coloca também o pen-drive no qual, durante o dia de votação, serão gravados os votos. A máquina é religada e automaticamente inicia o sistema de backup de informações de candidatos e eleitores.
A próxima sequência envolve os testes gerais. A urna pede que o operador confirme, um por um, se estão funcionando corretamente imagem, som, teclado e luzes de led — tanto no terminal de votação quanto no do mesário. Concluída a testagem, a urna emite comprovantes e extratos em papel de que foi corretamente preparada para o pleito. Uma cópia fica armazenada na chamada Ata de Carga, um livro montado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com todas as preparações de urnas. Outra cópia fica armazenada em um saco plástico, em cima da urna.
O próximo passo é proteger a máquina com lacres produzidos pela Casa da Moeda, evitando que alguém possa danificar o cartão de memória, o pen-drive ou o próprio gabinete. Lacrada, a urna agora receberá uma etiqueta física indicando para qual local de votação e seção deverá ser transportada às vésperas da eleição.
Ainda ligada, outra pessoa é convocada para checar se conferem as informações de seção eleitoral mostradas na tela do equipamento e na etiqueta física. O checador também vê se a hora está correta na tela da urna. Feito isso, os equipamentos são desligados e guardados nas prateleiras do depósito.
Apesar do longo processo braçal em cada máquina, os operadores não tem qualquer acesso à programação das urnas, destaca o secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS), Daniel Wobeto.
(O auxiliar de eleição) Não tem nenhum poder de programação
DANIEL WOBETO
secretário de Tecnologia da Informação do TRE-RS
— O auxiliar de eleição tem autonomia apenas para ligar a urna, informar hora, data, e o número da seção. Não tem nenhum poder de programação — reforça Wobeto.
A zona eleitoral de Planalto foi a primeira a concluir o processo de carga nas urnas, ainda na quarta-feira. O primeiro município a ter suas urnas ajustadas foi Alpestre. Porto Alegre, cidade com maior número de zonas, também já iniciou o processo.
Entre os dias 10 e 13 de novembro (antevéspera da eleição, marcada para o próximo dia 15), todos os equipamentos serão novamente ligados na tomada para checagem do relógio da urna e para checagem de dados, comparando-se com as informações do Tribunal Regional Eleitoral.
Além das urnas previstas para cada seção, os equipamentos que restam são preparados para eventuais substituições. Chamadas de urnas de contingência, elas são carregadas apenas com arquivos básicos e pode ser utilizadas em qualquer seção eleitoral no Estado. Quando um equipamento apresenta defeito durante o processo de votação, as suas mídias são transferidas para uma dessas urnas reservas, garantindo que não haja perda dos votos registrados até então.
A inserção das mídias com dados e a testagem dos equipamentos é feita por funcionários terceirizados, com supervisão dos juízes eleitorais e servidores da Justiça Eleitoral.