Dúvidas lançadas por alguns eleitores e candidatos sobre a segurança da urna eletrônica têm gerado boatos que se espalham rapidamente pelas redes sociais.
Relatos sobre problemas para registrar o voto no primeiro turno em algumas seções eleitorais e declarações recentes do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) de que o sistema precisa ser mudado ajudam a alimentar alguns mitos.
Saiba o que dizem especialistas sobre a urna brasileira, utilizada desde 1996 no país.
MITO
Apenas o Brasil possui urna eletrônica, nenhum outro país confia nesta tecnologia
REALIDADE
Outros países usam urna eletrônica para votação, embora com tecnologia diferente à da brasileira. De acordo com o Instituto Internacional Para a Democracia e a Assistência Eleitoral, 23 nações usam urnas para eleições gerais, enquanto outros 18 utilizam em pleitos regionais. Entre os países estão Suíça, Canadá, Índia e França, além de alguns Estados americanos. No Brasil, o modelo passou a ser usado em 1996.
MITO
A urna pode ser manipulada pela internet .
REALIDADE
As urnas não são ligadas à internet, portanto não podem ser acessadas por alguém que não esteja conectado ao sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O abastecimento de informações e do software é feito por um sistema de dados internos. O sistema operacional Linux é preparado pela Justiça Eleitoral de forma a não incluir nenhum mecanismo de software que permita conexão com redes ou acesso remoto. Além disso, as urnas não podem ser acessadas por cartões de memória convencionais ou pendrives.
MITO
Os resultados não podem ser auditados .
REALIDADE
Conforme o TSE, um dos principais mecanismos de auditoria são os Boletins de Urnas, que são impressos e registram a soma de votos de cada candidato naquela urna e entregues aos representantes dos partidos e fixados nas seções eleitorais. Além disso, as urnas têm espécie de "caixa preta" que registra todas as atividades. Segundo especialistas, a auditoria poderia ser qualificada com uma segunda fonte de informação: a impressão de um recibo com a descrição de cada voto. A impressão serviria como base para cruzamento caso persistissem dúvidas.
MITO
A urna eletrônica pode ser facilmente corrompida com instalação de outro software .
REALIDADE
Uma das garantias é que o sistema de criptografia e assinatura digital permite a instalação apenas do programa oficial do TSE, reduzindo drasticamente o risco de que a urna possa ser modificada.
O hardware (equipamento) e o software (programa) rodam apenas em combinação ao outro. Apenas alguém altamente especializado e que tivesse acesso direto ao sistema do TSE poderia tentar modificar os códigos. Testes públicos de segurança ao final de 2017 mostraram que não foi possível violar o código-fonte da urna.
MITO
Uma única pessoa mal-intencionada poderia manipular os resultados do sistema eleitoral
REALIDADE
Um dos pontos fortes da urna é que qualquer modificação do software, do código- fonte ou de inserção de dados falsos (combinação errada de número, foto e nome do candidato) teria de passar por várias frentes de proteção.
A hipótese mais temida por críticos é que alguém adulterasse os dados de votação nos tribunais regionais eleitorais, risco minimizado pelo especialista Paulo Licio de Geus, professor de Ciências da Computação da Unicamp e membro da Comissão Especial de Segurança da Sociedade Brasileira de Computação:
— Na hipótese de alguém conseguir adulterar a tabela, trocando fotos e números de candidatos, poderia ser detectado por fiscais de partido e eleitores.
MITO
Mesmo que saiam lacradas, as urnas podem ser violadas antes de chegarem aos locais .
REALIDADE
Além dos testes rotineiros, as urnas eletrônicas passam por mais uma prova no dia da eleição.
— As urnas possuem uma série de proteções físicas e técnicas que permitem identificar se houve alguma tentativa de violar o software — explica o secretário de tecnologia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino. Além disso, fiscais de partidos e coligações, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de entidades fazem “votação paralela” para atestar os dispositivos de segurança.
MITO
Eleitores não conseguiram votar para presidente em diversas seções eleitorais no 1º turno
REALIDADE
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral, algumas reclamações nesta linha ganharam destaque no Rio Grande do Sul, em São Paulo, em Minas Gerais e no Paraná. Após a votação, foram realizadas auditorias nas urnas de seções onde teriam acontecido o problema, mas nenhuma falha no registro dos votos foi encontrada.
— O que verificamos é que, nesses casos, houve equívoco por parte dos eleitores, trocando números dos candidatos para diferentes cargos, digitando número de governador para presidente, por exemplo – afirma Giuseppe Janino, do TSE.