Um vídeo gravado nas eleições municipais de 2016 voltou a viralizar nas redes sociais como uma suposta comprovação de fraude nas urnas eletrônicas. As imagens mostram fiscais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) procurando, sem sucesso, as "mídias" das urnas que deveriam estar em envelopes. Trata-se de uma postagem enganosa, sem o contexto da situação e a explicação do caso.
Uma postagem feita por um usuário do Facebook afirma que "envelopes que deveriam conter as mídias, estão VAZIOS. Menores de idade manuseando envelopes onde deveriam estar as mídias, pessoas sem identificação. Mídia é praticamente o cartão de memória onde se computam os votos. Se não estão lá é pq alguém já está fraudando os votos para as eleições para o candidato comunista". O post ainda acompanha um trecho do comentário de Paulo Martins, no Jornal Tarobá, de Cascavel, no Paraná, que não tem relação com o caso, apesar de se referir a possíveis fraudes nas urnas.
O caso mostrado no vídeo ocorreu na cidade de Extrema, em Minas Gerais. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), um presidente de seção acondicionou a mídia de resultado de uma urna eletrônica no envelope errado. "Ao invés de colocar no envelope específico (branco), colocou em outro (pardo)”, explicou o órgão.
O post de 2018 não diz o local em que o vídeo foi filmado, mas, no diálogo entre as pessoas que aparecem na gravação, é possível discernir dois locais que serviam de local de votação — Odete Valadares e Dom Bosco. Uma busca rápida no Google aponta que esses locais são duas escolas que existem na cidade de Extrema, em Minas Gerais.
Um outro vídeo, publicado no Youtube um dia antes do post que motivou a investigação, diz que a gravação foi feita por "Reinaldo candidato a prefeito de estrela (sic), na época viu o que estava acontecendo e começou a gravar o flagrante". Em um vídeo de 5 de agosto de 2018, Reinaldo de Andrade, candidato à prefeitura de Extrema pelo PSD em 2016, conta o ocorrido e confirma a autoria da filmagem em Extrema.
O TRE-MG confirmou que "quando o material chegou na junta apuradora e a mídia dessa urna não foi encontrada no envelope branco, o candidato a prefeito Reinaldo filmou a ação da procura da mídia e, em seguida, deu repercussão ao caso nas redes sociais". De acordo com o TRE-MG, Reinaldo protocolou na ocasião uma reclamação na Polícia Federal (PF), em Varginha, no sul de Minas Gerais, que encaminhou ao Ministério Público. O órgão "não viu indício de irregularidade e pediu arquivamento do caso".
A postagem do vídeo no Facebook foi feita no dia 17 de setembro. Na manhã do dia 26, passava de 29 mil compartilhamentos e 1,5 mil comentários. O pedido de verificação foi enviado pelo WhatsApp do Comprova.
Enganoso
Vídeo que sugere fraude nas urnas de 2018 foi gravado em 2016. O Ministério Público investigou e não viu indícios de irregularidades. O caso foi arquivado.
Projeto Comprova
Este texto foi originalmente publicado no site do Projeto Comprova. A evidência foi checada pelos veículos parceiros Gazeta do Povo e Jornal do Commercio.
O Comprova é um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros, incluindo GaúchaZH, para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas durante a campanha presidencial de 2018.