É falsa a informação que acompanha um vídeo publicado no Facebook de uma suposta invasão da Polícia Militar (PM) de Santa Catarina a um comitê de campanha do PT. De acordo com a postagem, a ação policial estaria buscando panfletos com a foto de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato à Presidência. Porém, as imagens não têm nenhuma relação com o fato relatado.
A gravação mostra policiais invadindo uma residência cuja porta tem um adesivo da campanha presidencial do PT. "Polícia invade comitê do PT em Santa Catarina ...entregavam panfletos com a foto de LULA pra presidente", diz a descrição de uma das publicações do vídeo. Um internauta comenta: "Quadrilha desgraçada...tudo pelo poder....não tem respeito com nada...são sujos".
Por meio de uma busca de vídeos do Google, o Comprova chegou ao fato original ao encontrar uma versão da gravação divulgada pela UnisulTV. O vídeo foi gravado na tarde da última terça-feira (25), por volta das 15h, no centro histórico de Laguna, em Santa Catarina. A PM invadiu a residência e prendeu duas jovens por desacato após receber denúncias de uma festa com som alto no local.
"Essas estudantes já tinham histórico de ficar mostrando partes íntimas, usando drogas e escutando som alto, gerando perturbação do trabalho e sossego alheio (dos comerciantes vizinhos e de pessoas que passam por ali). O comerciante gerou a ocorrência após vários clientes reclamarem do fato. A GU (Guarnição) tentou negociar com as estudantes, mas não teve êxito, por este motivo teve que arrombar a porta", informou a assessoria da PM.
Segundo a corporação, o evento não teve motivações políticas. "Não tem nada a ver com o recolhimento de materiais da campanha do Lula. Era um caso de perturbação do sossego alheio, em que coincidiu o fato das moradoras serem militantes do PT", acrescentou a PM.
No mesmo dia, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) havia determinado a busca e apreensão de materiais de campanha eleitoral nos quais Lula é apresentado como candidato à Presidência. Em sua decisão, o juiz auxiliar Antônio Schenkel do Amaral e Silva mencionou que é crime "divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado". A ordem foi executada em seis cidades — Chapecó, São João, Mafra, Blumenau, Araranguá e Florianópolis. Laguna não faz parte da lista.
"O Partido dos Trabalhadores de Santa Catarina e a campanha Ana Paula Lima Federal esclarecem que o material impresso em que consta o ex-presidente Lula foi contratado, executado e pago no início da campanha, no dia 15 de agosto", diz a nota divulgada no dia 26 de setembro pela assessoria jurídica da candidata.
Ainda que os comitês de campanha dos petistas Ana Paula Lima e Claudio Vignatti foram buscados pelas forças da ordem naquele dia, respectivamente, em Blumenau e Chapecó, o vídeo mostra um evento não relacionado e em outra cidade catarinense.
O vídeo com a descrição enganosa viralizou na rede. Apenas um, publicado no Facebook por Emerson Persuhn Persuhn, teve até a manhã de sexta-feira (28) mais de 72 mil visualizações e 3 mil compartilhamentos. Outras versões também circulam no Twitter, YouTube e WhatsApp.
Falso
O local é uma residência e não um comitê do PT. A PM recebeu denúncias de uma festa com som alto no local e prendeu duas jovens por desacato.
Projeto Comprova
Este texto foi originalmente publicado no site do Projeto Comprova. A evidência foi checada pelos veículos parceiros NSC e O Povo.
O Comprova é um projeto que reúne jornalistas de 24 diferentes veículos de comunicação brasileiros, incluindo GaúchaZH, para descobrir e investigar informações enganosas, inventadas e deliberadamente falsas durante a campanha presidencial de 2018.