A temperatura das ruas e do mercado após o primeiro turno da eleição presidencial leva os candidatos a realinharem seus discursos. Questões defendidas ou rechaçadas inicialmente ganham novo verniz para a reta final da campanha. Os movimentos são feitos para atrair novos aliados, cristalizar o apoio de setores estratégicos ou, até, por mera confusão entre colegas de chapas.
A possibilidade de refazer a Constituição Federal esteve no centro do debate há poucos dias. Jair Bolsonaro (PSL) desautorizou seu vice, Hamilton Mourão, que disse ser favorável a uma nova Carta, escrita por “comissão de notáveis”. Fernando Haddad (PT) havia incluído a convocação de Assembleia Constituinte em seu plano de governo, mas também afirmou que a iniciativa não está nos planos.
Privatizações dividem as duas candidaturas. De forma geral, o petista é contra a venda de empresas públicas, enquanto o militar reformado é favorável. Ainda assim, o candidato do PSL causou inquietação no mercado financeiro ao se posicionar contra a venda da parte de geração da Eletrobras. Rebateu prometendo que irá vender ou extinguir cerca de 50 estatais no início de eventual mandato. Ambos prometem isenção de IR até cinco salários mínimos.
A reforma da Previdência também entrou no radar. Ambos se comprometeram em analisar a adoção de idade mínima para aposentadoria por tempo de serviço. Após confusões envolvendo declarações sobre a cobrança de imposto de renda, eles afirmaram que irão isentar quem ganha até cinco salários mínimos.
A intensa troca de acusações e a possibilidade de os concorrentes ao Palácio do Planalto não se enfrentarem em debates no segundo turno tendem a tornar a discussão sobre o país projetado pelos candidatos mais superficial.
Para oferecer subsídios ao eleitor, GaúchaZH fez um resumo com os principais pontos defendidos por Bolsonaro e Haddad em seus planos de governo junto ao que já declararam em entrevistas e nas redes sociais.