Com cinco minutos cada, as equipes de Jair Bolsonaro e Fernando Haddad começaram a propaganda eleitoral no segundo turno com ataques mútuos, na sexta-feira.
Em seus primeiros segundos, a peça de Bolsonaro lembrou da fundação do Foro de São Paulo e do plano de dominação da esquerda sobre a América Latina, liderado por Lula e Fidel Castro. Expôs regiões que foram e que são governadas por ditadores, em especial, chamou Cuba de “país mais atrasado do mundo” e destacou a devastação da Venezuela.
Em tom alarmista, o locutor afirmou: “o Brasil governado pelo PT durante treze anos está em sua maior crise ética, moral e financeira da História. Estamos à beira de um abismo”.
Já Haddad lembrou dos casos de violência contra pessoas com posicionamentos contrários aos de seguidores do deputado que concorre à Presidência. Colocou no ar a morte do professor de capoeira na Bahia e a menina que teve uma suástica marcada em sua pele com um canivete.
Curiosamente, a propaganda do candidato do PSL explorou mais a imagem de Lula do que o programa do ex-prefeito de São Paulo. Os marqueteiros do PT preferiram exaltar neste segundo turno a biografia e o currículo de Haddad, que é mestre e doutor pela USP, onde lecionava Ciência Política.
Lula, que dominou toda a campanha no primeiro turno, ficou restrito a uma pequena parte da propaganda. Haddad aproveitou seus cinco minutos para chamar eleitores de outros adversários de 7 de outubro a votar nele e pregou a “união” a favor da democracia.
Para quebrar a imagem de durão de Bolsonaro, a equipe resolveu incluir na transmissão um vídeo que já havia sido divulgado em suas redes sociais em que aparece emocionado falando sobre sua filha Laura, de sete anos. A intenção foi desfazer a má impressão de sua fala um ano atrás em palestra no Rio de Janeiro, onde afirmara que sua primeira filha foi uma “fraquejada” depois dos quatro filhos homens que teve com suas ex-esposas.
Em um vídeo selfie, Bolsonaro apareceu dócil ao lado da menina. Segundos antes, revelou que desfez vasectomia para ter mais um filho com sua atual mulher, Michele, e depôs: “mudou sim muito a minha vida com a chegada da Laura”.
O primeiro programa eleitoral do segundo turno não teve muito espaço para as propostas. Embora Haddad tenha apresentado ideias para o desenvolvimento econômico do país e para a educação, pouco aprofundou como as colocaria em prática. Bolsonaro enfatizou a crise brasileira e a corrupção nos governos de Lula e Dilma, além de citar a violência que “assusta as nossas famílias”, mas não informou como combaterá esse crime.
Sem debate e com poucas propostas sendo divulgadas, o escolhido pelo eleitor terá carta branca caso não exponha o que e como vai fazer para colocar em prática medidas importantes para o país. Entre os assuntos que ainda não foram detalhados estão o combate ao déficit da Previdência e ao rombo de R$ 139 bilhões nas contas públicas para 2019.