Eleito para governar o Brasil durante os próximos quatro anos, Jair Bolsonaro recebeu duas felicitações neste domingo (28) que têm diferentes pesos para seu governo. De um lado, o presidente americano Donald Trump, com quem o militar é comparado pelos analistas políticos por flertar com a extrema-direita. Do outro, um nome que o candidato vitorioso repudia, assim como seus próprios eleitores: o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Ambos os presidentes reconheceram a vitória de Bolsonaro pela vitória no segundo turno das eleições. Maduro, inclusive, incentivou que Bolsonaro reaproxime o Brasil da Venezuela nos próximos anos.
"O governo bolivariano aproveita a ocasião para exortar o presidente eleito do Brasil a retomar, como países vizinhos, o caminho das relações diplomáticas de respeito, harmonia, progresso e integração regional, pelo bem estar de nossos povos", diz a nota de Maduro, difundida pelo chanceler venezuelano Jorge Arreaza em sua conta no Twitter. "O povo e o governo venezuelano ratificam seu compromisso em continuar trabalhando de mãos dadas com o povo-irmão brasileiro por um mundo mais justo e multipolar".
Em seu pronunciamento após a vitória, Bolsonaro prometeu "libertar o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos". "Libertaremos o Brasil e o Itamaraty das relações internacionais com viés ideológico a que foram submetidos nos últimos anos. O Brasil deixará de estar apartado das nações mais desenvolvidas. Buscaremos relações bilaterais com países que possam agregar valor econômico e tecnológico ao produtos brasileiros. Recuperaremos o respeito internacional pelo nosso amado Brasil", disse o futuro presidente eleito pelo PSL.
Embaixador do Brasil em Caracas, Ruy Pereira foi expulso da Venezuela no fim de 2017. Em meados deste ano, o governo anunciou que iria enviá-lo de volta, mas segundo o Itamaraty, a embaixada ainda não tem um embaixador ativo.
As relações entre Brasil e Venezuela, próximas nos governos do PT, se distanciaram na gestão de Michel Temer. Durante as eleições, essa proximidade foi explorada pela campanha de Bolsonaro, que se sente mais identificado com o governo de Donald Trump. Segundo o próprio presidente eleito, o americano chegou a telefonar parabenizando-o pela vitória. O militar reforçou que, com o país americano, pretende estreitar ligação.
"Recebemos há pouco ligação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos parabenizando por esta eleição histórica. Manifestamos o desejo de aproximar ainda mais estas duas grandes nações e avançarmos no caminho da liberdade e da prosperidade", escreveu Bolsonaro no Twitter.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, confirmou Trump ligou para Bolsonaro. "O presidente Trump ligou para o presidente eleito Bolsonaro nesta noite para parabenizar ele e o povo brasileiro pelas eleições de hoje. Os dois expressaram um forte compromisso de trabalhar lado a lado para melhorar as vidas dos povos dos Estados Unidos e do Brasil e, como líderes regionais, das Américas", afirmou Sarah.
Quem também parabenizou Bolsonaro pela vitória foi Mauricio Macri, presidente da Argentina, escrevendo no Twitter que pretende trabalhar junto com o líder brasileiro por uma relação entre os países. "Felicitações a Jair Bolsonaro pelo triunfo no Brasil! Desejo que trabalhemos juntos pela relação entre nossos países e pelo bem estar de argentinos e brasileiros", escreveu o mandatário argentino.
Cotado para ser ministro da Fazendo no governo de Bolsonaro, o economista Paulo Guedes adiantou neste domingo que não pretende dar importância às tratativas do bloco de países que formam o Mercosul. Em resposta à uma repórter do jornal argentino Clarín, Guedes disse que a aliança de políticas econômicas entre os países da América do Sul não será prioridade.
— É isso que você queria ouvir? Mercosul não será prioridade. A gente não está preocupado em te agradar. Eu conheço esse estilo. Você só negocia com quem tiver inclinações bolivarianas. O Mercosul foi feito totalmente ideológico. É uma prisão cognitiva — disse, exaltado, o economista.
Derrotado nas urnas, Fernando Haddad (PT) não deve telefonar para o militar. O argumento dos apoiadores é que a campanha de Bolsonaro foi "extremamente agressiva" com Haddad.
*Com informações de Estadão Conteúdo