Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro.
Com as principais candidaturas estabelecidas, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto.
Economista com Ph.D. pela Universidade de Chicago, conhecida pelo viés liberal, Paulo Guedes tem sido o principal conselheiro do deputado Jair Bolsonaro (PSL), que já o mencionou como seu futuro ministro da Fazenda, caso seja eleito. Circula em meios intelectuais e empresariais e tem trajetória marcada por iniciativas de criação de negócios e think tanks – é um dos fundadores do Instituto Millenium, centro de pensamento voltado à disseminação de ideias liberais.
Foi professor e fundador do grupo financeiro BR Investimentos, depois absorvido pela Bozano, da qual passou a ser sócio, integrante dos comitês estratégico e executivo. Foi um dos quatro criadores do Banco Pactual. CEO e sócio majoritário do Ibmec, hoje Insper, e membro de conselhos de administração de empresas.
O que pensa
- Com inspiração liberal, Paulo Guedes ainda tenta explicar melhor suas afinidades com Bolsonaro, vinculado a ideias nacionalistas e estatizantes. Guedes é crítico dos governos social- democratas, definição que, além do PSDB, inclui PMDB e PT. Para ele, é uma corrente que costuma aumentar gastos, até ser chamada à realidade, além de aparelhar o Estado para arquitetar esquemas de corrupção.
Guedes defende reformas, principalmente a da Previdência, que considera uma bomba-relógio nas contas do país. Prega a adoção de um sistema de capitalização para os novos segurados do INSS, com cada beneficiário recebendo no futuro o valor de suas contribuições, mais rendimentos. Também diz ser adepto de simplificação tributária.
- É favorável a privatizações de estatais como Petrobras e Correios e à concessão de serviços públicos, com recursos direcionados para redução da dívida pública. Declarou que o ideal seria corte drástico nos ministérios. Restariam de 10 a 15 pastas.
- Gastos menores, ajudando o ajuste fiscal, contribuiriam para queda estrutural do juro e do gasto com a dívida, retomando a capacidade da União de investir, tendo como foco a área social. A despeito do ideário liberal, diz ser favorável à manutenção do Bolsa Família e é contrário a subsídios a grandes empresas.
- Propõe a descentralização de recursos e atribuições da União para Estados e municípios, aumentando a eficiência das políticas públicas. Prega a independência do Banco Central, com mandato de quatro anos para diretoria, em período não coincidente com o da Presidência da República.