Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro.
Com as principais pré-candidaturas estabelecidas aquecendo as turbinas para a guerra de convencimento dos eleitores, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto já lançados por seus partidos sobre como fazer o país reencontrar o crescimento.
Adeptos em diferentes graus do livre mercado ou da necessidade de o Estado ser agente na indução ao desenvolvimento, os mentores dos pré-candidatos já vêm se posicionando sobre ajuste fiscal, reformas e privatizações, algumas das pautas mais palpitantes desta eleição.
Professor de finanças do Ibmec-Rio, Gilberto Braga avalia que o debate vai girar em torno de três temas:
— As grandes questões devem envolver privatizações e reformas tributária e da Previdência. Em relação à Previdência, é um tema ruim para qualquer candidato, mas um grande problema — diz Braga, que não espera a apresentação de planos mais mirabolantes para reaquecer a economia.
Apesar do grupo de elite escalado para a campanha e da gravidade do quadro nacional, o professor de economia da Universidade de Brasília José Luís Oreiro entende que a discussão será superficial, por medo dos candidatos de se posicionarem sobre os assuntos mais controversos.
— Vão falar genericamente de privatizações, problema fiscal, reequilíbrio das contas públicas, choque de eficiência, mas evitarão temas mais espinhosos — entende Oreiro, que inclui o aumento de impostos como algo necessário para 2019, mas difícil de ser admitido pelos presidenciáveis.
A figura de oráculo para a economia não é única. Alguns coordenam a elaboração dos programas de governo. Outros são apenas os principais interlocutores ou a referência para os pré-candidatos no assunto, sem vinculação formal com a campanha. Há ainda os que não têm essa orientação. Devido à corrida eleitoral estar apenas na largada, há casos de falta de definição sobre o nome que será o mentor na área. Já os economistas conhecidos são os gurus de si mesmo.
Veja quem são e o que pensam os gurus econômicos dos pré-candidatos:
- Eduardo Giannetti - Marina Silva (Rede)
- Gustavo Franco - João Amoêdo (Novo)
- Gustavo Grisa - Alvaro Dias (Podemos)
- Laura Carvalho - Guilherme Boulos (Psol)
- Márcio Pochmann - Lula (PT)
- Nelson Marconi - Ciro Gomes (PDT)
- Paulo Guedes - Jair Bolsonaro (PSL)
- Pérsio Arida - Geraldo Alckmin (PSDB)
Mentores de si mesmos
- Ministro da Fazenda do governo Temer até o início do mês, Henrique Meirelles (PMDB) ainda tenta viabilizar sua candidatura. Foi presidente internacional do BankBoston e presidiu o Banco Central no governo Lula. É liberal, defende as reformas e a necessidade de aumentar a produtividade, mas é mais pragmático do que ideológico.
Sem referências
Os candidatos José Maria Eymael (DC), e João Vicente Goulart (PPL) ainda não têm a figura de referência econômica. O PSTU não respondeu quem está à frente das propostas para a área ou é referência para a pré-candidata Vera Lúcia. Cabo Daciolo (Patriota) também não indicou quem seria sua referência.