
Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro.
Com as principais pré-candidaturas estabelecidas, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto.
Da vertente desenvolvimentista, o economista Nelson Marconi é um dos principais nomes da Associação Keynesiana Brasileira, doutrina que prega a necessidade de o Estado ser indutor da economia, e apoiador de Ciro Gomes (PDT). Formado pela PUC-SP, com mestrado e doutorado na Fundação Getulio Vargas, onde é professor, tem trajetória ligada à vida acadêmica.
Coordenou a graduação da Escola de Economia de São Paulo e o Centro de Pesquisas da Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento, também ligado à fundação. Marconi tem experiência nas áreas de economia e gestão pública. Atua ainda em temas como desindustrialização, economia do setor público, salários e emprego no setor público e mercado de trabalho.
O que pensa
- Para Marconi, não existe dicotomia entre Estado e mercado. Seriam complementares. Apesar de defender o papel estatal, é a iniciativa privada que traz ganhos de eficiência à economia, avalia. Pelo lado do empurrão do Estado, aponta a necessidade de priorizar o desenvolvimento da indústria e dos serviços relacionados a ela, como pesquisa, engenharia, automação e design — áreas que geram inovação. Ajudar empresas nacionais não significa fechar mercado, mas incentivar a inserção no Exterior e a exportação de industrializados. Algumas áreas que devem ser priorizadas são óleo e gás, saúde, agronegócio e defesa.
- Marconi avalia que câmbio entre R$ 3,80 e R$ 4 ajudaria a indústria nacional a ser mais competitiva. Essa valorização do dólar poderia causar impacto de um ponto percentual na inflação, mas a pressão seria reduzida com ajuste fiscal que ajudaria a manter o juro em patamar baixo. Um futuro governo Ciro Gomes, sinaliza, não abriria mão de equilíbrio nas contas públicas.
- Em relação a privatizações, é contrário em setores que considera estratégicos, como petróleo e energia, mas se mostra favorável a concessões em áreas como aeroportos e estradas. Considera reformas como fiscal, previdenciária e tributária essenciais. Na área de impostos, defende maior carga sobre a renda, desonerando a produção, e elevar tributação sobre herança, lucros e dividendos. Sobre a Previdência, defende idade mínima e criação de regime de capitalização, em que o beneficiário faz a sua própria poupança.