O general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), não disfarça que tem gostado do contato popular, algo raro nos tempos de quartel. Sorri muito e ergue os braços ao ser recebido aos gritos de "Mito, mito!", saudação que herdou dos fãs do candidato presidencial, militar como ele. Foi assim na manhã desta quarta-feira (24) em Viamão (RS), quinta cidade visitada num giro de dois dias por território riograndense, na reta final da campanha.
Gaúcho de Porto Alegre, Mourão se exercitou numa academia pela manhã (hábito que trouxe do quartel) e aproveitou para rever familiares e amigos, sobretudo militares que comandou quando chefiava o Comando Militar do Sul (CMS), maior concentração de tropas do Exército no país. Pois vários desses companheiros de caserna estavam com ele hoje, encarapitados no alto de um caminhão que funcionava como trio elétrio, alternando jingles da campanha bolsonarista e formando um cinturão de segurança em torno do candidato.
Ele se deslocava cercado por uma linha de oficiais militares em terno escuro, além de vários policiais federais. O temor de atentado é grande, após a facada em Bolsonaro no primeiro turno.
O grito mais entoado pelo locutor no carro de som era "Fora, PT!". E o que mais entusiasmava a multidão de seguidores que se aglomeraram em Viamão para ouvir o general, que evitou esse tipo de cântico.
Mourão faz o périplo pelo seu Estado natal acompanhado do vice-governador José Paulo Cairoli, candidato à reeleição na chapa de Jose Ivo Sartori (MDB). Os dois começaram a manhã com uma carreata de centenas de veículos na RS-040, todos embandeirados com os dizeres Sartonaro e retratos da dupla Sartori-Bolsonaro. No caminhão de som, também, Carmen Flores (candidata a senadora pelo partido de Bolsonaro, não-eleita) e o tenente-coronel Zucco, militar do Exército que se elegeu deputado estadual pelo PSL.
Entusiasmado, Mourão deixou os anos de disciplina militar e protocolos de lado e subiu no caminhão para discursar. Falou pouco. Usou e abusou de slogans patrióticos-nacionalistas. Conclamou a uma cruzada contra a corrupção, "contra a mentira, contra a incompetência que assolou o Brasil nos últimos anos". O general disse que o país finalmente ingressará no século 21, ao eleger Bolsonaro.
Mourão ergueu o braço de Cairoli, conclamou os eleitores a reelegerem no RS um governo "honesto, leal e competente, que tem a tarefa de sanear de vez as finanças do Estado!". Ele garantiu que a União dará apoio para conclusão de estradas, da ponte do Guaíba, de unidades de silagem em Rio Grande. E encerrou o discurso com o slogan bolsonarista:
— Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.
Foi imitado, aos gritos, por fãs vestidos de verde e amarelo, dos pés à cabeça.