Quase três meses depois de promessa feita pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, as obras da nova ponte do Guaíba seguem aguardando os recursos necessários para garantir a liberação da travessia em dezembro. Até agora, tanto os ministérios dos Transportes e do Planejamento quanto o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não sabem informar quando os R$ 100 milhões serão liberados.
No fim de julho, Marun determinou aos técnicos do Dnit que criassem uma alternativa para antecipar o cronograma de obras, viabilizando que parte da ponte fosse usada pelos motoristas a partir de dezembro — a vontade do governo é encerrar o mandato do presidente Michel Temer com "chave de ouro". 70% pronta, a construção inteira deve ficar pronta apenas no segundo semestre de 2019. Com o dinheiro, seria possível reassentar 120 famílias da Ilha Grande dos Marinheiros até 31 de outubro.
O cronograma foi feito, mas a verba ainda não chegou. Além disso, as negociações com os moradores vão começar exatamente na época que já se estimava que as casas tivessem sido demolidas. As audiências de conciliação serão realizadas entre 29 e 31 de outubro e envolverão 450 das mil famílias que receberão nova moradia.
Há duas semanas, Marun vistoriou as obras da nova ponte junto com o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, e reconheceu a demora na definição sobre a situação das famílias.
— Se em novembro tiverem retirado duas famílias, tem dinheiro. Seguimos com o plano. Senão, não teremos condições de seguir neste ano - disse Marun no último domingo (21).
Mesmo com o prazo apertado e as audiências atrasadas, o superintendente do Dnit no Rio Grande do Sul, Allan Machado, se mantém confiante em anteder às expectativas do governo federal.
— Não precisamos tirar todas de uma vez. Se tirarmos cem, já conseguiremos fazer a travessia até o fim do ano, mesmo sem a obra estar 100% pronta — espera Machado. — A ponte inteira já está pré-fabricada. Só precisamos trazer as peças e colocá-las no lugar.
O governo acabou desistindo da construção de condomínios e passou a oferecer aos moradores a chamada "compra assistida", que é a aquisição de um imóvel pelo próprio Dnit. Caso as famílias aceitem o acordo proposto nas audiências, precisarão procurar um imóvel regularizado em qualquer lugar do Estado em até 30 dias, no valor bruto entre R$ 158 mil e R$ 178 mil. Se a conciliação não ocorrer, o morador discutirá na Justiça o valor da indenização que receberá da União.
— Estamos adiantando a negociação (com as famílias). Pelo menos 75% delas já manifestou interesse formal na compra assistida. Não temos desespero — assegura o superintendente.
A construção da nova ponte começou em outubro de 2014, e o governo federal já sabia da necessidade de reassentar essa quantidade de famílias. O Dnit tentava garantir a construção de três condomínios em áreas diferentes da Capital, mas, até hoje, não foi possível realizar a aquisição dos terrenos que receberão as residências.
O ministro Carlos Marun se manifestou por meio de nota. Confira na íntegra:
"Recursos são liberados mediante medição. Os valores estão garantidos mas só serão efetivamente pagos quando executados e medidos. Não existe nenhuma fatura em atraso. Não existe nenhum serviço efetuado e não pago.
Quanto às famílias que ocupam áreas na faixa de domínio da futura passagem pela Ilha Grande dos Marinheiros é cada vez mais provável que o não início do reassentamento venha a impedir o atingimento do nosso objetivo que ainda é disponibilizarmos a ponte com funcionalidade à população gaúcha neste ano."